Churrasco no fim-de-semana? Esqueça-o, se quer salvar o planeta

Um bom naco de carne a assar sobre uma grelha até pode ser sinónimo de um fim-de-semana bem passado, mas os adeptos de um bom barbecue deviam repensar o cardápio com o propósito de salvar o planeta. O alerta foi lançado na quarta-feira por um grupo de investigadores  norte-americano.

Se quem faz da carne parte essencial da sua dieta reduzir o consumo semanal a uma porção e meia até 2050, as emissões de gases de estufa podem ser reduzidas significativamente. Ao mesmo tempo, a escolha vai contribuir para impedir que as florestas se tornem terrenos de cultivo, defenderam na quarta-feira investigadores do Instituto de Recursos Mundiais (WRI).

Actualmente, os norte-americanos e os europeus consomem o dobro e os brasileiros o triplo, disse à agência Reuters Timothy Searchinger, principal autor do relatório do Instituto de Recursos Mundiais e investigador na Universidade Princeton.

“Esta é solução mais promissora e mais realista”, defendeu o académico, acrescentando que é bem mais difícil reduzir o consumo total global de carne bovina.

Os frequentadores de restaurantes dos Estados Unidos da América, do Canadá, da Europa, da América Latina e dos países da antiga União Soviética representam um quarto da população mundial, mas consumiram mais da metade da carne de vaca, de ovelha e de cabrito consumida em 2010, de acordo com o relatório do WRI.

A agricultura é responsável por onze por cento das emissões globais de gases de estufa, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Grande parte tem origem nos gases emitidos durante a digestão por animais mantidos em explorações pecuárias.

O corte de árvores, que absorvem o dióxido de carbono, para a expansão das terras de cultivo também contribui para o aumento da concentração de gases de estufa na atmosfera.

A procura global de recursos alimentares deverá aumentar mais de 50 por cento até 2050 devido ao crescimento da população e dos salários, mas alcançar essa meta através dos sistemas de cultivo actuais teria resultados terríveis para a Humanidade e para o planeta, sustenta o Instituto de Recursos Mundiais.

A manutenção dos actuais sistemas de cultivo “implicaria derrubar a maioria das florestas que ainda restam no mundo, o que aniquilaria milhares de espécies”, alertou o relatório.

A acção também induziria a libertação de níveis de gases de estufa que ultrapassariam em muito a meta do Acordo de Paris de 2015 de manter a temperatura global média “bem acima” dos 2 graus Celsius acima dos valores registados nos tempos pré-industriais para evitar mudanças climáticas catastróficas.

Produzir uma tonelada de proteína oriunda de carne de ovelha, de cabra ou de vaca emite ao menos quatro vezes mais gases de estufa do que a carne de porco e oito vezes mais do que a carne de frango. Os ruminantes também exigem muito mais terra para pastar ou para se plantar soja e outros componentes vegetais utilizados no fabrico de ração, de acordo com as conclusões do Instituto de Recursos Mundiais. 

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