
Os glaciares da cordilheira do Himalaias estão a derreter duas vezes mais rápido do que seria de esperar desde o início deste século. As conclusões são de um estudo publicado na quarta-feira. O documento chama a atenção para o impacto que o fenómeno pode vir a ter no fornecimento de água a centenas de milhões de pessoas em vários países asiáticos.
Os investigadores tentavam há muito quantifica o impacto que o aumento das temperaturas está a ter sobre os gelos perpétuos do “tecto do mundo”, região que é muitas vezes classificada como o terceiro polo do planeta.
As conclusões de um novo estudo, dadas a conhecer na quarta-feira, mostram que os glaciares do Himalaias perdem todos os anos o equivalente a uma superfície vertical de aproximadamente meio metro de gelo. Os dados obtidos pelos cientistas têm por base trabalho de campo, mas também imagens de satélite da Índia, da China, do Nepal e do Butão, os quatro países onde estão localizadas os glaciares mais significativos. O ritmo do degelo é duas vezes superior à média registada no último quarto do século XX, entre 1975 e 2000:
“Este é o retrato mais claro da rapidez com que os glaciares do Himalaias estão a derreter ao longo deste intervalo de tempo”, defende o principal responsável pelo estudo, Joshua Maurer, um aluno de doutoramento do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, num comunicado enviado à agência Reuters.
Embora o estudo, publicado pela Science Advances, não tente quantificar precisamente o volume de gelo derretido, Maurer sustenta que os glaciares podem ter perdido até um quarto da sua massa nos últimos 40 anos.
O degelo acelerado contribuiu para o aumento do caudal dos rios durante as estações mais quentes, mas os cientistas estão preocupados com o impacto a longo prazo na irrigação, na produção de energia hidroeléctrica e no abastecimento de água potável a cerca de 800 milhões de pessoas em países como a China, a Índia, o Nepal ou o Bangladesh.
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