
A chefe do Executivo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, Carrie Lam, pediu ao início da noite deste domingo desculpa à população de Hong Kong pela apreensão causada pelas emendas propostas à lei da extradição. A líder do Governo do território vizinho prometeu melhorar a sua actuação enquanto líder do Governo.
Sete horas depois do início da marcha de protesto contra a lei da extradição “uma multidão nunca vista” continuava a inundar as ruas de Hong Kong, naquela que terá sido a “maior manifestação de sempre” a sair à rua na antiga colónia britânica.
A afluência ao protesto foi tanto que seis horas depois do início da manifestação, a líder do Executivo, Carrie Lam, pediu desculpas à população da vizinha Hong Kong e prometeu melhorar o seu desempenho na liderança do Governo.
Estações de metro lotadas, táxis e autocarros parados, quilómetros de ruas transformados numa maré negra de descontentamento, cânticos e palavras de ordem estão a marcar o início da noite na RAEHK. O protesto reforçou a oposição ao Governo chefiado por Carrie Lam, apesar de no sábado a governante ter anunciado a suspensão do debate sobre as alterações à lei que possibilitaria a extradição de suspeitos de crimes para a República Popular da China.
“Isto é Hong Kong e não a China” e “Retirem a lei” são algumas das palavras de ordem que se lêem no scartazes que os manifestantes empunharam durante todo o dia nas ruas, numa resposta ao apelo feito pelos organizadores do protesto liderado pela organização não-governamental Civil Human Rights Front (CHRF) durante a manhã deste domingo.
Muitos jovens, famílias que fizeram questão em levar para a jornada de luta os bebés nos respectivos carrinhos, uma população mais idosa e manifestantes em cadeiras de rodas deram corpo ao terceiro protesto em apenas uma semana, depois de uma concentração no domingo passado ter juntado mais de um milhão de pessoas e a de quarta-feira ter ficado marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia.
As principais ruas de Admiralty, Wanchai e de Causeway Bay, no centro, foram tomadas pelos manifestantes.
Numa declaração divulgada apenas em chinês por um porta-voz do Governo por volta das 20:30, Carrie Lam afirmou que “nos últimos dois domingos, um grande número de pessoas expressou os seus pontos de vista através de marchas” e que “o Governo entende que as marchas públicas são por preocupação e amor por Hong Kong”.
Na tradução do texto do porta-voz do Governo feita pelo jornal South China Morning Post” sublinha-se que Carrie Lam “ouviu claramente as opiniões dos residentes expressas de uma forma pacífica e racional” e que “o Governo valoriza esses valores essenciais de Hong Kong”: “Tendo em vista as fortes visões díspares na comunidade, o Governo parou o trabalho do Conselho Legislativo sobre as emendas da lei”, na tentativa de ser restaurada “a calma e evitar que alguém seja ferido”, pode ler-se no comunicado. “O Governo reitera que não há cronograma para reiniciar o processo”, acrescenta.
Por outro lado, “a chefe do executivo reconhece que as deficiências no trabalho do Governo provocaram controvérsias substanciais e disputas na sociedade, desapontando e entristecendo muitas pessoas”, pelo que Carrie Lam “pede desculpas ao público e promete adoptar a atitude mais sincera e humilde para aceitar críticas e fazer melhorias para servir o público em geral”.
No sábado, Carrie Lam, que no próprio dia dos confrontos tinha reafirmado a intenção de prosseguir com a lei apesar dos protestos, acabou por anunciar a suspensão do debate sobre a proposta. O anúncio não impediu que os que contestam a proposta tenham convocado uma nova manifestação para este domingo e uma greve geral – a primeira no território vizinho desde 1967 – para segunda-feira.
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