Coreia do Norte. Frequência de execuções públicas está a diminuir

A Coreia do Norte continua a realizar execuções públicas para intimidar os seus cidadãos, mas a prática estará a diminuir perante o aumento da internacional. O anúncio foi esta terça-feira feito por uma organização não governamental, o Grupo de Trabalho Justiça Transicional.

Pyongyang é há muito tempo acusada de utilizar as execuções públicas para aterrorizar a população. O líder Kim Jong Un terá executado conselheiros próximos no passado, incluindo o seu poderoso tio Jang Song Thaek em 2013.

Um novo relatório do Grupo de Trabalho Justiça Transicional registou centenas de execuções ao longo de um período de décadas. As mais recentes remontam a 2015, por acusações tão triviais como sonegar uma moeda ou roubar uma vaca.

“As regras de execução pública exigem que três atiradores disparem três rodadas cada um contra o corpo da pessoa condenada, ou seja, um total de nove balas”, disse o grupo com sede em Seul. O Grupo de Trabalho Justiça Transicional procura divulgar o que assegura ser graves abusos dos direitos humanos na Coreia do Norte.

Trata-se de uma táctica amplamente utilizada, especialmente contra as elites, acrescentou, “criada para maximizar a intimidação pública, sabendo que a informação sobre os métodos de execução se expandirá por todo o país”.

Mas o relatório – baseado em testemunhos de 610 desertores norte-coreanos – também sugere que o regime de Pyongyang está cada vez mais preocupado com o olhar internacional, o que o forçou a reduzir essa prática.

“Desde 2005, afirma-se que os enforcamento públicos cessaram ou ao menos diminuíram claramente em termos de frequência. Alguns atribuem a mudança à pressão internacional que visa colocar fim a esta prática”, diz a organização no relatório.

Um dos autores do estudo, Ethan Shin, indica que os dados mostram uma queda no número de condenações à morte: “Apesar de ser impossível verificar a credibilidade dos números, parece que o número de execuções públicas apresenta uma tendência de declínio”, afirmou Shin à AFP.

“As execuções em espaços fechados poderão estar a aumentar mas a Coreia do Norte parece mais relutante na hora de decidir por condenações à morte já que procura ser reconhecida como um Estado normal”, acrescentou.

Um estudo de referência publicado em 2014 por uma Comissão de Investigação da ONU registou abusos galopantes dos direitos humanos na Coreia do Norte, desde violações, torturas e assassinatos extrajudiciais até à existência de prisões e campos de reeducação de natureza política.

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