
A Agência Espacial norte-americana anunciou na sexta-feira que tenciona autorizar, a partir do próximo ano e mediante pagamento, o uso da Estação Espacial Internacional (ISS) para finalidades turísticas e empresariais. O objetivo da medida é conseguir dinheiro com que possa financiar os projectos que tem em mãos.
“A NASA vai abrir a Estação Espacial Internacional a empreendimentos comerciais”, anunciou em Nova York o director financeiro da agência espacial norte-americana, Jeff DeWit.
De acordo com o director-adjunto da estação, Robyn Gatens, “a NASA vai autorizar duas missões curtas de astronautas privados por ano”.
As missões vão prolongar-se por 30 dias, afirmou a agência. Potencialmente, deverá ser oferecida a possibilidade de doze astronautas privados poderem visitar a Estação Espacial Internacional. Os visitantes não poderão, no entanto, sair para o espaço.
A agência indicou ainda que os visitantes poderão ser de qualquer nacionalidade.
Os “astronautas privados” deverão ser transportados até à ISS pelas duas companhias que estão a desenvolver veículos para o efeito: a SpaceX, com a cápsula Crew Dragon, e a Boeing, que está a desenvolver a Starliner.
As empresas vão escolher os turistas e cobrar o custo da viagem, que é decididamente a parte mais cara da aventura: viajar até à Estação Espacial Internacional deverá custar 58 milhões de dólares. Este valor é quase igual ao que a NASA pagará a ambas as companhias pelo transporte dos astronautas.
O problema é que nem a Dragon nem a Starliner estão prontas ainda. Em teoria, as cápsulas devem estar operacionais no fim de 2019, mas isso depende do resultado de vários testes.
Os turistas pagarão à NASA pela estadia em órbita, pela comida, pela água e pelos gastos inerentes ao sistema de suporte vital a bordo: “Custará cerca de 35.000 dólares por noite e por astronauta”, completou DeWit.
A Estação Espacial Internacional não é exclusiva da NASA. O projecto foi iniciado junto com a Rússia em 1998. Outros países também integram o projecto e também enviam astronautas. Os Estados Unidos da América têm e controlam a maioria dos módulos.
Os turistas espaciais que venham a viajar para a ISS não serão os primeiros. O empresário americano Dennis Tito esteve na estação em 2001, após desembolsar cerca de 20 milhões de dólares à Rússia.
Desde então, outros milionários estiveram na estação, como o canadiano Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, que para lá viajou em 2009.
As naves rusas Soyuz são, desde 2011, o único meio de transporte de astronautas para a ISS, onde há permanentemente entre três e seis tripulantes a bordo. Actualmente é habitada por três americanos, dois russos e um canadiano
A Rússia planeja voltar a organizar voos turísticos no fim de 2021.
Uma viagem milionária
A mudança de política anunciada nesta sexta inclui a abertura de partes da estação que são propriedade dos Estados Unidos da América a empresas privadas para realizar “actividades comerciais e de marketing”.
No leque dos destinatários estão inclui empresas que desenvolvem materiais em microgravidade, por exemplo. A fibra óptica tem qualidade inigualável quando é fabricadas sem os efeitos da gravidade. A NASA lançou um primeiro gráfico de preços nesta sexta, que tem por base cada quilograma de carga.
A ideia da agência é desenvolver uma economia espacial com a esperança de que um dia o sector privado sustente economicamente a Estação Espacial Internacional, já que os Estados Unidos deverão deixar de financiar o projecto no final do próximo ano.
“Queremos transformar-nos em inquilinos e não nos proprietários de moradias espaciais”, disse em Abril o administrador da NASA, Jim Bridenstine.
A agência espacial quer ganhar margem de manobra financeira para se concentrar na missão Ártemis, com a qual a agência pretende voltar à Lua em 2024, e, sobretudo, no projecto de enviar os primeiros humanos a Marte, talvez na próxima década.
Mas a rentabilidade das actividades comerciais na órbita da Terra continua a ser uma incógnita, devido ao custo do transporte, que continua a ser demasiado elevado.
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