
As autoridades espanholas enviaram para a República Popular da China 94 taiwaneses que responderão por acusações de fraude por telefone e pela Internet. A decisão do Governo espanhol provocou protestos por parte do Governo de Taiwan, noticiaram esta sexta-feira os meios de comunicação social chineses e taiwaneses.
Os suspeitos chegaram esta sexta-feira pela manhã ao aeroporto de Pequim num voo fretado e imagens na emissora estatal chinesa CCTV mostraram os suspeitos a serem escoltados por polícias uniformizados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan expressou “séria preocupação e forte pesar” pelo caso, de acordo com a agência de notícias taiwanesa.
Estas extradições são as mais recentes decorrentes de uma investigação de 2016 sobre operações fraudulentas a partir da Espanha que visavam vítimas na República Popular da China.
As polícias de ambos os países fizeram buscas a 13 locais em Madrid, Barcelona e outros lugares de Espanha, em Dezembro daquele ano, informou o Ministério de Segurança Pública da China.
A quantia envolvida na fraude totalizou 120 milhões de yuans (15 milhões de euros), informou o Ministério chinês num comunicado divulgado no seu site oficial.
Golpes semelhantes são realizados a partir de vários países e geralmente atacam cidadãos chineses. Os burlões apresentam-se geralmente como autoridades chinesas e pressionam ou persuadem as vítimas a transferir dinheiro para as suas contas. A Espanha já extraditou 225 suspeitos até ao momento, incluindo 218 taiwaneses.
Taiwan é desde 1949 nominalmente independente, mas a República Popular da China ainda considera Taiwan parte do seu território.
Os dois lados concordaram em 2009 combater o crime em conjunto, mas Pequim rompeu os contactos após a eleição da Presidente taiwanesa Tsai Ing-wen (que assumiu a Presidência em 2016), que não tem tantas ligações com a China como o seu antecessor.
Pequim começou a exigir que o Quénia, a Malásia, a Espanha e outros países enviassem suspeitos de fraude em telecomunicações para a República Popular da China, onde enfrentam um julgamento e, quase certamente, sentenças duras.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taipé pediu a Espanha que defenda o espírito de humanidade e o princípio dos direitos humanos e que coopere com Taiwan na luta contra o crime transnacional, informou a agência de notícias taiwanesa.
Este caso é a primeira operação conjunta da República Popular da China com um país europeu contra fraudes nas telecomunicações e a sua maior acção internacional contra esse crime, informou o Ministério da Segurança Pública chinês.
Liu Zhongyi, vice-director do Departamento de Investigações Criminais da República Popular da China, disse que a operação conjunta foi desafiadora devido às grandes diferenças na lei e nos conceitos de aplicação desta entre a China e a Espanha: “Superamos várias dificuldades”, disse Liu Zhongyi à CCTV, acrescentando que a operação estabeleceu as bases para futuras cooperações com outras forças policiais.
Liu declarou também que existem muitos gangues de criminosos na área de fronteira entre a China e o Mianmar e no sudeste da Ásia que estão a tentar fraudar os chineses.
O responsável chinês prometeu “encontrar os suspeitos, não importa para qual país ou para qual lugar tenham fugido”.
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