O norte-americano James Watson, que revolucionou a ciência ao descobrir a estrutura do DNA em conjunto com o seu colega Francis Crick, faleceu aos 97 anos. O anuncio foi feito esta sexta-feira pelo Laboratório Cold Spring Harbor (CSHL), onde o Prémio Nobel trabalhou durante grande parte de sua carreira.
O seu trabalho pioneiro na ciência ficou maculado por comentários, tidos como racistas, que o obrigaram a renunciar a seu cargo no prestigiado laboratório aos 80 anos.
Watson declarou à publicação britânica The Sunday Times que era “intrinsecamente pessimista sobre o futuro de África”: “Todas as nossas políticas sociais se baseiam na premissa de que sua inteligência é igual à nossa, quando, na realidade, todas as provas demonstram o contrário”.
Marginalizado por um sector da comunidade científica, em 2014 Watson decidiu leiloar a sua medalha do Nobel.
Nascido em 6 de abril de 1928 em Chicago, Watson foi um dos cientistas mais famosos do século XX graças à descoberta revolucionária da dupla hélice do DNA em 1953, junto com Crick.
Também ao lado de Crick, e com Maurice Wilkins compartilhou o Nobel da Medicina de 1962 por uma investigação que deu origem à biologia moderna e abriu as portas para novos conhecimentos, incluindo o código genético e a síntese de proteínas. Em 1943, aos 15 anos, obteve uma bolsa para a Universidade de Chicago.
RIP Dr. James Watson — one of the last true geniuses of our time.
A Nobel Prize winner for discovering the double helix structure of DNA, he faced backlash from woke institutions for speaking his mind. If truth can’t be spoken in science, where can it?
Sad to see mainstream… pic.twitter.com/eC5w3oM0TH
— Digital Gal 🌸 (@DigitalGal_X) November 7, 2025
Em 1947, graduou-se em zoologia e, posteriormente, ingressou na Universidade de Indiana, onde obteve o doutoramento três anos depois.
Watson interessou-se depois pelo trabalho desenvolvido por cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que utilizavam padrões fotográficos gerados por raios-X.
Depois de se transferir para a Universidade de Copenhaga, começou a sua investigação sobre a estrutura do DNA.
Em 1951, visitou a Estação Zoológica de Nápoles, onde conheceu Maurice Wilkins e observou pela primeira vez o padrão de difracção de raios-X do DNA cristalino. Pouco depois conheceu Francis Crick e iniciou o que seria uma colaboração memorável.
A partir de imagens de raios-X obtidas por Rosalind Franklin e Wilkins, do King’s College de Londres, Watson e Crick começaram a sua corrida para decifrar a estrutura da dupla hélice.
Em Harvard, leccionou durante 15 anos, antes de se tornar director do Laboratório Cold Spring Harbor, que se transformou num centro mundial de investigação em biologia molecular.
De 1988 a 1992 foi um dos directores do Projecto Genoma Humano nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), mas os seus comentários sobre raça e obesidade — também era conhecido pelo seu sexismo – precipitaram a sua reforma em 2007.


Leave a Reply