Brasil lança fundo para proteger florestas tropicais

Fotografia: Pexels/Nandhu Kumar

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva lançou, na quinta-feira, um fundo global para proteger as florestas tropicais do planeta, como a Amazónia. O anúncio foi feito no primeiro dia da cimeira de líderes que antecede a COP30 – a conferência climática da ONU – em Belém.

O novo fundo de investimentos, que tem a ambição de captar 125 mil milhões  de dólares norte-americanos junto de governos e investidores privados, será “um dos principais resultados concretos” da COP30 no combate às mudanças climáticas, afirmou Lula da Silva.

Após o lançamento oficial do novo mecanismo, chamado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em língua inglesa para Tropical Forests Forever Facility), a Noruega anunciou a intenção de investir três mil milhões de dólares norte-americanos: “É vital refrear o desmatamento para reduzir o impactos das mudanças climáticas”, disse o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, citado num comunicado oficial.

A Noruega posiciona-se como o principal investidor até agora, embora o seu apoio esteja sujeito ao cumprimento de certas condições. O Brasil e a Indonésia anunciaram contributos de mil milhões de dólares cada, de acordo com o anfitrião, enquanto a França se comprometeu a investir 575 milhões e Portugal cerca de 1,15 milhões, de acordo com os seus respectivos governos.

O governo brasileiro disse que espera que a Alemanha também anuncie o valor do seu contributo na sexta-feira.

De acordo com o ministro brasileiro das Finanças, Fernando Haddad, com os anúncios desta quinta, “já superamos 50 por cento daquilo que imaginamos conseguir alcançar até ao final do ano que vem”, cerca de 10 mil milhões de dólares.

Os recursos serão investidos nos mercados e os seus rendimentos permitirão fazer chegar todos os anos aos países em desenvolvimento uma quantia em dinheiro por cada hectare de floresta preservado, um poderoso factor de mitigação das mudanças climáticas e reserva de biodiversidade. As florestas absorvem os gases do efeito de estufa que provocam o aquecimento global.

A maior parte está em países tropicais em desenvolvimento, onde hoje é mais lucrativo cortar árvores para actividades como a agricultura ou a mineração do que preservá-las.

Após o pagamento de juros aos investidores, os lucros serão transmitidos aos países tropicais que tenham taxas de desmatamento próximas de zero, mediante verificação por satélite.

Países como o Brasil, a Colombia, a Indonésia e a República Democrática do Congo poderão vir a receber centenas de milhões de dólares por ano. O mecanismo serviria de incentivo para que outros países incrementem os seus esforços, de acordo com especialistas consultados pela AFP.

Em muitos casos, o montante potencial dos pagamentos duplicaria ou triplicaria os valores com os quais governos e doadores internacionais contribuem actualmente para a conservação florestal.

Ponto de viragem

Os compromissos anunciados com o TFFF “marcam um ponto de inflexão para a conservação global e um exemplo a ser seguido por outras nações desenvolvidas”, congratulou-se Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional Brasil.

No entanto, alguns países que apoiam a iniciativa informaram que, por ora, não vão investir recursos. O governo britânico, que participou da criação do TFFF, indicou que não vai financiar directamente o mecanismo.

Uma fonte da delegação de Finlândia disse à AFP que dá “apoio político” ao fundo, mas é “difícil encontrar novos recursos” num momento de grandes restrições orçamentais a nível mundial.

Mas “as coisas podem mudar, este é um projecto de longo prazo”, afirmou à AFP o embaixador Mauricio Lyrio, negociador-chefe do Brasil na COP.

De acordo com Lyrio, 53 países firmaram até agora a iniciativa como “potenciais investidores”.

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