Milhares de bombeiros combateram sem descanso no fim-de-semana (14) os incêndios nas ilhas indonésias de Sumatra e Bornéu. Centenas de residentes das regiões afectadas estão encurralados há dias à mercê das chamas.
O fogo libertou uma ampla cortina de fumo tóxico e os habitantes, desamparados, querem fugir, mas não sabem para onde. Os recursos dos bombeiros, protegidos apenas com máscaras e botas de borracha, são insuficientes perante a proporção das chamas.
“Devia ter chegado roupa de protecção de verdade, mas temos pouco equipamento”, diz Darmadi, um soldado colocado no distrito de Kampar, na ilha de Sumatra. “Mas tenho que responder à chamada. É esse o meu dever”, acrescenta.
A Indonésia mobilizou nove mil bombeiros e soldados com helicópteros para tentar apagar as chamas que assolam as florestas tropicais de Sumatra e Bornéu.
Jornalistas da AFP contam que algumas florestas estão reduzidas a escombros e onde havia densas manchas florestais, só há grandes extensões queimadas, restos de árvores carbonizadas e cidades inteiras mergulhadas numa neblina tóxica: “Trabalhamos sem parar”, explica Hendri Kusnardi, bombeiro de 25 anos, ensopado em suor. “Nunca me senti tão cansado, mas não sou o único. Estamos todos esgotados”, complementa.
Os incêndios ocorrem frequentemente em consequência de queimadas ilegais destinadas a preparar a terra para cultivo. Parte da floresta amazónica está também está em chamas e o aumento dos incêndios pode contribuir para o agravamento do aquecimento global.
Embora os incêndios florestais não sejam um panorama inédito na Indonésia, este ano intensificaram-se devido a uma estação seca particularmente longa e intensa.
Com 328.000 hectares queimados desde o início do ano, estes incêndios são os piores desde os fogos devastadores registados em 2015. Os moradores de Pekanbaru, capital da província de Riau, no centro de Sumatra, esperam desesperadamente o início da temporada de chuvas, que geralmente começa em Outubro, para que apague de uma vez por todas os focos de incêndio e elimine a nuvem de fumo que os sufoca, causando problemas respiratórios.
Os moradores dividem-se entre a angústia e a raiva contra quem provoca estes incêndios. As grandes plantações de óleo de palma são as principais acusadas, mas as suspeitas também recaem sobre agricultores com propriedades menores: “Digo aos que ateiam estes fogos: por favor, não sejam egoístas”, diz Sri Wahyuni, de 31 anos, mãe de três filhos, enquanto uma espessa fumaça paira no pátio de sua casa.
Alguns dos moradores já fugiram da região. Mas a maioria da população não tem recursos para buscar refúgio noutro lugar: “Estou constantemente assustada, mas não temos aonde ir”, lamenta Muhammad Ilham Fajriansyah, mãe de dois filhos.


Leave a Reply