Espanha rejeita prisão preventiva para líder da Frente Polisário

A Audiência Nacional de Espanha rejeitou esta terça-feira decretar prisão preventiva ou retirar o passaporte do líder da Frente Polisario, Brahim Gali, embora tenha pedido uma morada e um número de telefone para contacto, conforme solicitado pelo Ministério Público.

Gali testemunhou esta terça-feira por videoconferência junto do juiz espanhol Santiago Pedraz enquanto continua internado num hospital da cidade de Logronho, no norte do país, devido a Covid-19.

O líder da Frente Polisário responde a várias denúncias por crimes contra a humanidade, genocídio e tortura, entre outros.

Como já tinha feito anteriormente, Pedraz voltou a considerar que não há motivos que justifiquem medidas tão onerosas como as solicitadas pelas acusações, que pediam a sua prisão preventiva ou a retirada do passaporte por risco de fuga.

“Não há indícios de que o investigado possa ou queira fugir à acção da Justiça, especialmente tendo em vista que, assim que teve conhecimento dos factos investigados, compareceu e concordou com a realização do seu depoimento, mesmo tendo em vista o estado de saúde em que se encontra, o que teria permitido que a sua defesa solicitasse o adiamento”, destacou o juiz.

Pedraz recorda ainda que o Ministério Público “não forneceu sequer elementos circunstanciais” que sustentem “a existência de fundamentos suficientes para considerá-lo responsável por algum crime”, visto que os depoimentos de testemunhas dados há anos “não têm provas comprobatórias”.

No seu depoimento, Gali negou todas as acusações e atribuiu-as a uma motivação “política” para tentar “mais uma vez atingir a credibilidade do povo saraui  e a sua luta no caminho da auto-determinação”.

A hospitalização de Gali em Logronho coincidiu com a crise migratória na cidade espanhola de Ceuta, no norte de África, quando mais de 9.000 pessoas saíram de Marrocos e cruzaram para território espanhol nos dias 17 e 18 de Maio.

Marrocos divulgou ontem um comunicado no qual desvinculou a crise com Espanha da presença do líder da Frente Polisário no país e especificou que o que Rabat espera de Madrid é “um esclarecimento inequívoco das suas escolhas, as suas decisões e as suas posições” sobre a questão do Sahara.

Na sequência do comunicado marroquino, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, assegurou que é “absolutamente inaceitável” que Marrocos tenha permitido o “ataque” às fronteiras de Ceuta como forma de protesto contra um problema de política externa.