A Polícia do Myanmar apresentou esta terça-feira novas acusações contra a líder eleita do país, Aung San Suu Kyi, deposta pelo Exército num golpe de Estado no passado dia 1 de Fevereiro.
A Prémio Nobel da Paz e conselheira de Estado, que se encontra em prisão domiciliar desde o levantamento militar, foi acusada a 3 de Fevereiro por importação ilegal de um dispositivo telefónico e compareceu esta manhã perante um juiz.
Segundo confirmou à agência Efe o advogado Khin Maung Zaw, a líder deposta foi também acusada de um delito relacionado com a lei de desastres naturais.
É a mesma acusação apresentada contra o presidente, Win Myint, que também está preso e acusado de violar as medidas de distanciamento social impostas pela pandemia ao organizar um comício eleitoral que contou com a presença de mais de 30 pessoas.
Suu Kyi, de 75 anos, que já passou 15 anos sob prisão domiciliar durante a anterior junta militar, enfrenta até três anos de prisão pelo crime de importação ilegal.
A junta militar levou a cabo um apagão da Internet durante esta madrugada pela segunda noite consecutiva, enquanto a presença de tanques e tropas armadas desde domingo passado aumentou as tensões marcadas pelos grandes protestos contra o golpe.
As forças de segurança têm utilizado canhões de água e disparado balas de borracha e reais contra os manifestantes, o que tem sido criticado pelos Estados Unidos, a União Europeia e outros países, que pediram o regresso da democracia ao país e a libertação dos detidos.
A junta militar, liderada pelo chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing, justificou a tomada do poder com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de Novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, o partido liderado por Suu Kyi, arrasou, como já tinha feito em 2015.
Um total de 426 pessoas foram presas desde a revolta militar, 391 das quais continuam detidas, segundo os últimos dados recolhidos esta segunda-feira pela Associação de Assistência de Presos Políticos (AAPP).
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