Europa prepara-se para enxurrada de falências após fim dos apoios económicos

Os ministros da Economia e Finanças da Zona Euro começaram a preparar o terreno para enfrentar o aumento das falências de empresas que pode ocorrer quando o apoio público mantido até agora durante a pandemia for retirado, mas acreditam que ainda não chegou ao momento de reduzir as ajudas financeiras.

O Eurogrupo acredita que é necessário manter o apoio ao orçamento enquanto for necessário e que há um risco inerente de retirá-lo muito cedo”, declarou o seu presidente, Paschal Donohoe, em conferência de imprensa após uma reunião realizada por videoconferência.

Donahoe também reconheceu que, à medida que a crise sanitária emerge, a resposta terá que se adaptar gradualmente a partir do apoio emergencial que tem sido fornecido até agora para medidas mais direccionadas para a recuperação.

O apoio fiscal prestado até agora na forma de garantias, linhas de crédito, isenções de impostos e moratórias, entre muitas outras medidas, ajudou a manter as empresas em funcionamento apesar das restrições. Porém, com o fim de alguns auxílios e a redução de outros, o risco de falência e insolvência vai reaparecer.

Segundo a Comissão Europeia, sem esse apoio, 23 por cento das empresas da União Europeia teriam tido problemas de liquidez até ao final de 2020 após esgotarem as suas reservas. A proporção varia por sector, desde 8 por cento no fabrico de equipamentos informáticos, até 75 por cento nos serviços de hospedagem e alimentação.

“Temos que evitar um grande aumento das insolvências, e (para isso) será crucial gerir com cuidado a retirada do apoio público”, disse o comissário de Economia, Paolo Gentiloni, após a reunião.

Para isso, o primeiro passo será passar “gradualmente de uma abordagem geral para acções mais específicas, fazendo a distinção, que não é fácil, entre empresas viáveis e inviáveis”.

Ao mesmo tempo, será necessário “preservar um canal de crédito efectivo, especialmente para as menores, e organizar uma saída ordenada das empresas que são consideradas inviáveis”, completou o economista.

A questão subjacente é como garantir a solvência das empresas que teriam sido viáveis não fosse a pandemia, ao mesmo tempo em que se deixa de lado, ordenadamente, aquelas que teriam ido à falência de qualquer forma: “Temos que tomar a decisão certa para enfrentar os desafios de insolvência do sector nos próximos meses e anos, tendo em mente as implicações sociais: estamos a lidar com empregos e pessoas, não apenas com entidades abstratas”, salientou Gentiloni.

Nesse complexo exercício de distinção, os países planeiam contar com o conhecimento especializado do sector privado, disseram esta semana fontes do Eurogroupo.

Os ministros voltarão ao assunto na sua reunião de Abril, em que deverão discutir as leis nacionais de insolvência, que diferem muito de país para país, e, segundo Donohoe, “vão precisar de ser flexíveis para minimizar os danos económicos”.

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