Hong Kong. Jimmy Lai defende campanha democrática mais paciente e menos radical

Jimmy Lai, magnata dos meios de comunicação social da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, disse esta quinta-feira que ficou comovido com o apoio que recebeu depois de se tornar a pessoa mais destacada a ser detida em conformidade com uma nova lei de segurança nacional e pediu paciência para a “luta de longo prazo” pela democracia.

Lai, um firma apoiante do movimento democrático da cidade, foi preso na segunda-feira por suspeita de conluio com forças estrangeiras, e a polícia revistou a redacção do seu jornal, o Apple Daily.

O magnata foi solto sob fiança na manhã de quarta-feira e recebido por uma multidão de apoiantes que lhe pediam “lute até o fim”.

Numa videochamada no Twitter baptizada de #LiveChatWithJimmy, Lai agradeceu aos seus apoinantes e disse que a sua acção mostrou que a operação policial foi uma “violação da crença do povo de Hong Kong” nas liberdades abrangentes do território, que ele comparou ao oxigénio: “O oxigénio está a diminuir e estamos todos a sufocar, mas mesmo a sufocar ainda continuamos a cuidar uns dos outros e continuamos a resistir e continuamos a lutar pelo nosso Estado de Direito e pela nossa liberdade”, disse.

Lai, que a China vê como um “traidor”, foi preso ao abrigo da nova lei de segurança imposta por Pequim no dia 30 de Junho, em reacção a um ano de tumultos pró-democracia na antiga colónia britânica, que regressou à soberania chinesa em 1997, com o princípio “Um país, Dois sistemas” como pedra basilar da re-integração na República Popular da China.

O movimento pró-democracia de Hong Kong, atiçado pelos temores de que Pequim esteja a reduzir as liberdades civis e políticas na cidade, sempre contou e ainda conta com grande apoio local.

Lai disse que os activistas democráticos têm que pensar a longo prazo: “Não podemos ser radicais, não podemos confrontá-los cara a cara, porque somos como um ovo e eles são um muro inexpugnáveis”, disse. “Temos que ser flexíveis, e inovadores e pacientes, mas persistir.”

A lei pune até com prisão perpétua o que quer que a China considere secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras. Os críticos dizem que a lei aproxima Hong Kong ainda mais do autoritarismo prevalecente na República Popular da China. Os seus defensores dizem que o diploma contribui para a  estabilidade da cidade, salvaguardando a sua prosperidade.

Desde que Lai foi preso,  milhares de pessoas têm formado longas filas desde as primeiras horas da manhã para comprar o Apple Daily. Muitas também compraram acções da Next Digital, a empresa de comunicação que publica o seu jornal, provocando uma valorização que passou os 2.000 por cento no seu auge.

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