Os três mil deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP) que se vão reunir a partir desta sexta-feira em Pequim para a grande sessão anual do órgão legislativa chinês deverão comemor o fim do surto epidémico do novo coronavírus no país. A reunião magna do parlamento chinês deverá destacar ainda a relevância política do presidente Xi Jinping.
No poder há sete anos, o líder chinês enfrentou ao longo dos últimos meses a crise mais séria do seu consulado à frente dos destinos da República Popular. Xi é acusado pelos Estados Unidos da América de ter reagido tarde ao aparecimento do novo coronavírus no final de 2019. O patógeno espalhou-se pelo resto do mundo, causando mais de 320.000 mortes e uma catástrofe económica global.
Com o declínio da pandemia no Continente, Pequim tenta passar a imagem de uma potência vencedora contra a COVID-19, em comparação com os governos ocidentais, mal preparados desde o início. Em países como os Estados Unidos e o Brasil a doença continua a causar estragos incomensuráveis.
No acto solene do Palácio do Povo, sede do parlamento chinês em Pequim, o regime marcará pontos no combate ideológico com o Ocidente. A sessão “proporcionará a Xi Jinping a oportunidade de proclamar a vitória total na ‘guerra do povo’ contra o vírus”, defendeu a cientista política Diana Fu, da Universidade de Toronto, no Canadá.
Pela primeira vez desde a era maoísta, Pequim adiou a sessão parlamentar que deveria ter sido realizada em Março, como manda a tradição.
O encontro durará uma semana, em vez das duas habituais. Sinais de que a epidemia não está totalmente controlada: a sessão será realizada à porta fechada e a imprensa vai acompanhar a reunião através da Internet.
Os poucos jornalistas autorizados a estarem presentes terão que passar no teste de despistagem da doença e permanecer em confinamento até que os resultado sejam conhecidos.
O país, que permanece encerrado aos visitantes estrangeiros desde o final de Março, teme uma segunda onda epidémica, dado que novos focos de infecção surgiram nas últimas semanas.
Dias de incerteza económica
O primeiro dia, tradicionalmente dedicado ao discurso do primeiro-ministro Li Keqiang, deve se concentrar na economia, uma vez que houve uma queda acentuada no PIB (que caiu 6,8 por cento) no primeiro trimestre.
No entanto, perante o desastre económico global, que afecta as exportações da maior economia asiática, Li pode se abster de anunciar uma meta de crescimento.
Alguns especialistas acreditam que a meta será de crescimento limitado durante a segunda metade do corrente ano ou por dois anos (por exemplo: 10 por cento para 2020-2021). As medidas de apoio anunciadas por Pequim desde Janeiro representam apenas 1,5 por cento do PIB.
Perante o actual contexto, a Assembleia Nacional Popular poderia autorizar o governo a evitar o déficit orçamental, optando por um empréstimo especial, de acordo com o jornal Global Times.
Analistas citados pelo jornal em língua inglesa acreditam que a relação déficit/PIB pode aumentar para 8 por cento, contra 2,8 por cento no ano passado.
Parece claro que Pequim deverá tentar relançar o plano de macro-recuperação lançado após a crise financeira de 2008 (13 por cento do PIB).
Como a legitimidade do regime depende em grande parte do crescimento, a taxa de desemprego é muito preocupante. Por isso, soluções devem ser apresentadas depois da taxa de desemprego ter atingido 6,2 por cento nas áreas urbanas em Fevereiro.
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