
O deputado Au Kam San, um dos responsáveis pela organização da vigília do 4 de Junho em Macau, que assinala o massacre de Tiananmen, disse à agência Lusa temer que o evento seja proibido, na sequência do cancelamento de uma exposição sobre o mesmo tema, por parte das autoridades.
Em declarações enviadas à Lusa, Au Kam San afirmou que o Governo Central nunca concordou com a realização deste evento, que se realiza todos os anos em Macau, e que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) de Macau “pode reformular o seu regulamento para bani-lo” utilizando como pretexto as medidas de prevenção face ao novo coronavírus.
Macau cumpre esta segunda-feira 33 dias sem novos casos confirmados do novo coronavírus e do total de 45 infectados desde que o surto começou apenas quatro continuam em tratamento.
Se o IAM não aprovar a vigília, a organização vai pedir à polícia o direito a reunião e, se esta não concordar, os organizadores “insistirão em sentar-se, pois não há regulamentação para que um cidadão não se possa sentar numa área pública”, sublinhou Au Kam San.
Em 1989, em Pequim, o exército chinês avançou com tanques para dispersar protestos pacíficos liderados por estudantes, causando um número de mortos nunca oficialmente assumido. Algumas estimativas apontam para milhares de mortos.
Macau e Hong Kong são os dois únicos locais da China onde Tiananmen pode ser publicamente recordado e nas duas cidades realizam-se anualmente vigílias para lembrar as vítimas do massacre, de 4 de Junho.
Estas declarações surgem na sequência de o IAM ter revogado a permissão da realização de uma exposição fotográfica e documental relativa ao massacre de Tiananmen.
Citado por vários meios de comunicação locais, o presidente do IAM, José Tavares, justificou esta decisão para ir ao encontro dos pedidos das autoridades de saúde do território, que continuam a apelar a população para não fazer ajuntamentos e manter o distanciamento social.
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