O jornalista e escritor luso-alemão Miguel Szymanski anunciou este domingo na sua página pessoal da rede social Facebook a decisão de se submeter a duas semanas de isolamento e de cancelar os compromissos profissionais e sociais que tinha depois de ter estado com o escritor chileno Luís Sepúlveda na Póvoa de Varzim, no Festival Literário Correntes d’Escrita.
Sepúlveda, que vive nas Astúrias, em Espanha, foi diagnosticado no fim-de-semana com o novo coronavírus, tratando-se do primeiro paciente a ser confirmado com Covid-19 naquela região espanhola.
No texto em que dá conta da decisão de se submeter por mote próprio a um período de 14 dias de quarentena, Miguel Szymanski sustenta que o contacto que manteve com Sepúlveda o leva a crer que as probabilidades de ter sido contagiado com o coronavírus sejam elevadas: “Depois de jantar na sexta-feira, dia 21 de Fevereiro, Sepúlveda e eu falámos o tempo suficiente para a probabilidade de também me ter infectado com o vírus Corona ser elevada”, escreve o autor de “Ouro, Prata e Silva” na sua página do Facebook.
O escritor luso alemão assegura que mal soube do internamento de Luís Sepúlveda ligou para a linha “Saúde 24”, tendo-lhe sido recomendado que lavasse “muito as mãos” e que “medisse a febre duas vezes por dia”. Por parte das autoridades de saúde foi-lhe ainda dito que o procedimento pelo qual acabou por optar – o de se isolar – não era necessário e a mesma resposta terá sido dada a outras seis pessoas que se encontram em situação similar.
Szymanski aconselhou-se também junto de um médico especialista de Saúde Pública na Alemanha, que estranhou as recomendações emitidas pelas autoridades portuguesas: “Provavelmente as entidades responsáveis em Portugal já desistiram ou então nunca tiveram planos para conter a propagação do vírus”, disse o clínico alemão, de acordo com o testemunho do escritor nas redes sociais.
Na mesma publicação, Miguel Szymanski assume poder ser um eventual foco de transmissão da doença e deixa um pedido de desculpas às pessoas com quem esteve em contacto durante os últimos nove dias: “Poderia, entretanto, ter evitado o contacto com algumas dezenas de pessoas, entre colegas, amigos e família. As minhas desculpas a todos”, remata.
O autor luso-alemão não terá sido o único a optar por se isolar por mote próprio, depois do internamento de Luis Sepúlveda se ter tornado público. Também Rita Ferro, escritora que integrava o lote de convidados do Correntes d’Escritas, escreveu no Facebook que “todas as pessoas” que estiveram com Luis Sepúlveda “estão isoladas e vão ter que ser testadas”.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) fez, no domingo, um comunicado em que esclarece quem é considerado “contacto próximo” ao escritor Luis Sepúlveda – infectado com o novo coronavírus – exortando-os a contactar a linha Saúde 24. O autor chileno esteve em Portugal na 21.ª edição do festival Correntes d’Escritas, que decorreu de 19 a 23 de fevereiro.
“De acordo com a informação disponibilizada pelas Autoridades de Saúde de Espanha, o caso teve início de sintomas a 25 de Fevereiro”, explica a DGS em nota enviada às redacções. A mulher do escritor “parece também ter sintomatologia compatível, encontrando-se sob investigação”, é acrescentado.
Portugal registou nas últimas 24 horas 15 novos casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, subindo o total para 85, dos quais 73 deram negativo e os restantes 12 aguardam resultados, anunciou no domingo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Os dados constam no boletim epidemiológico diário relative ao novo coronavírus, segundo o qual Portugal não registava nenhum caso de infeção.
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