Máscaras no lugar de Iphones. Indústria chinesa mobiliza-se contra o surto

A enorme procura por máscaras faciais não para de crescer e com isso, as fábricas chinesas que produzem iPhones, roupa, automóveis e até fraldas para bebés mudam a rotina para fabricar os dispositivos de protecção e contribuir para o esforço de conter a epidemia.

A New Yifa fabrica produtos de higiene, como lenços humedecidos, guardanapos, ou lenços de papel. E, em apenas dois dias, conseguiu converter a cadeia produtiva de uma de suas plantas na província de Fujian, no leste do país. O objetivo: fabricar máscaras protectoras de papel.

O material é enviado para o pessoal médico que precisa delas para evitar o contágio de pacientes já infectados pelo COVID-19: “Actualmente, todos os nossos funcionários estão envolvidos no fabrico de máscaras”, disse por telefone à AFP o vice-presidente do grupo, Shen Shengyuan, acrescentando que a capacidade de produção chega às 600.000 unidades por dia.

Agora, o grupo planeia converter a unidade dedicada à produção de fraldas, com o propósito de criar uma segunda linha de produção de máscaras. A transformação tem um custo, no entanto. Para poder se concentrar nas máscaras, a New Yifa teve de adiar a entrega de um pedido da ordem dos 5,5 milhões de euros.

Grave escassez

De acordo com o mais recente balanço, divulgado nesta quinta-feira (13), a pneumonia viral já infectou cerca de 60.000 pessoas na República Popular da China. O número de óbitos chega aos 1.350.

As autoridades chinesas admitem que o país precisa de máscaras de protecção urgentemente, em particular na província central de Hubei, foco da epidemia, onde médicos e enfermeiras enfrentam uma grave escassez. Se trabalharem integralmente na produção de máscaras, as fábricas chinesas podem produzir cerca de 20 milhões de máscaras por dia.

Perante a actual emergência, na terça-feira, o ritmo de produção chegou a 94 por cento da capacidade desejada, apontou Xia Nong, funcionário da Agência Nacional de Planeamento Económico (NDRC). Na quinta-feira, o organismo convocou as empresas que ainda não alcançaram este nível para que o façam “o quanto antes”. Além da New Yifa, empresas de outros sectores também estão se estão a dedicar ao fabrico dos dispositivos de protecção.

Smartphones e petróleo

O grupo taiwanês Foxconn, que  produz componentes electrónicos para o gigante americano Apple, como iPhones, começou a produzir máscaras na sua fábrica de Shenzhen, sul da China.

Objectivo: despachar dois milhões de máscaras por dia até o fim de Fevereiro. As máscaras destinam-se aos trabalhadores do grupo, mas também serão fornecidas para fora.

O fabricante de carros elétricos BYD disse à AFP que espera produzir cinco milhões de máscaras e 50.000 garrafas de desinfectante por dia, também até ao final do mês.

A produção de ambos os produtos em larga escala deve arrancar na segunda-feira. As máscaras serão enviadas, principalmente, para hospitais e para as regiões mais afectadas.

Além disso, 14 empresas têxteis de Ningbo (província de Zhejiang, no leste da China) almejam produzir um milhão de máscaras em 20 dias, de acordo com a agência de notícias Xinhua.

Uma empresa com capitais do grupo automotivo norte-americano General Motors na China também participa na mobilização. A Sinopec, gigante chinês do petróleo, anunciou que prevê fabricar mais de um milhão de máscaras por dia antes de 10 de Março, graças a 11 novas cadeias de produção.

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