A União Europeia apelou esta segunda-feira à contenção na resposta das autoridades de Hong Kong aos manifestantes pró-democracia que ocuparam o Conselho Legislativo. O Executivo de Hong Kong sustenta que os manifestantes agiram com “extrema violência” e ameaçou recorrer à força para evacuar o edifício. Os manifestantes acabaram por abandonar as instalações por mote próprio.
Um grupo de centenas de manifestantes entrou esta segunda-feira na sede do Conselho Legislativo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, depois de derrubar barreiras e quebrar janelas, tendo hasteado uma bandeira da era colonial britânica, perante a impotência ou inoperância das forças policiais.
A polícia de Hong Kong anunciou por volta das 23 horas da noite de ontem que se preparava para reaver o controlo do edifício, usando a “força apropriada” e num curto espaço de tempo. No mesmo comunicado, as forças de segurança pediram aos manifestantes para abandonarem a área, recomendação que acabou por ser acatada pelos invasores.
A União Europeia emitiu uma declaração em que apelava à contenção antes ainda dos manifestantes abandonarem o edifício: “Na sequência destes incidentes, é importante exercer a moderação e evitar respostas que conduzam a uma escalada”, disse na segunda-feira, em comunicado, um porta-voz da alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini.
O comunicado refere que os manifestantes que ontem derrubaram barreiras e forçaram a entrada no edifício do Conselho Legislativo de Hong Kong, representam “um pequeno número de pessoas” e que “não são representativos da maioria dos manifestantes que têm protestado de forma pacífica” nas últimas semanas: “Em várias ocasiões, durante as últimas três semanas, o povo de Hong Kong dirigiu-se para as ruas em números sem precedentes e tem pacificamente exercido o seu direito fundamental ao protesto”, disse o porta-voz da União Europeia.
Horas antes da União Europeia ter tomado posição, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, tinha expressado o “apoio inabalável” do seu país a “Hong Kong e às suas liberdades neste dia de aniversário” do retorno deste território para a China.
“Nenhuma violência é aceitável, mas HK [Hong Kong] DEVE preservar o direito a protestos pacíficos sob a lei, como centenas de milhares de pessoas corajosas mostraram hoje”, indicou Jeremy Hunt na sua conta da rede social Twitter.
A polícia começou por volta da meia noite a tentar dispersar os milhares de manifestantes que se encontravam em frente ao edifício do Conselho Legislativo, ocupado ao início da noite por um grupo de jovens estudantes.
Os manifestantes dizem que o Governo de Hong Kong não tem respondido às suas exigências de retirada completa de legislação de extradição contenciosa e de demissão da chefe do Governo, Carrie Lam.
A controvérsia da lei de extradição deu um novo impulso ao movimento de oposição pró-democracia de Hong Kong, despertando preocupações sobre o facto de a China estar a limitar os direitos garantidos a Hong Kong por 50 anos, ao abrigo do modelo de “Um país, Dois sistemas”.
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