Lisboa não recebeu “qualquer comunicação” da parte dos portugueses de Hong Kong

O Governo português ainda não recebeu qualquer pedido de ajuda ou de esclarecimento por parte dos cidadãos portugueses que vivem na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong na sequência da vaga de protestos de que a antiga colónia britânica tem sido palco e que culminaram esta noite com a invasão e o saque do edifício do Conselho Legislativo.

A informação foi ao início da noite desta segunda-feira, horário de Macau, avançada pelo Secretário de Estado das Comunidades do Executivo português, numa conferência de imprensa em que José Luis Carneiro operou um balanço à breve deslocação que efectuou ao território.

O governante, que respondeu a apenas quatro questões endereçadas pela imprensa, assegura que o Governo de Lisboa ainda não recebeu eventuais sinais de preocupação da parte da comunidade portuguesa da Região Administrativa Especial de Hong Kong: “Eu não estive com a comunidade portuguesa de Hong Kong nesta visita. Estive na primeira visita que fiz, mas até agora não recebemos qualquer comunicação dos portugueses que se encontram em Hong Kong, nomeadamente do Clube Lusitano, que exija qualquer diligências da parte do senhor Embaixador [Paulo Cunha Alves]”, adiantou José Luis Carneiro.

As declarações do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas foram prestadas antes do assalto ao edifício do Conselho Legislativo de Hong Kong ter sido consumado por um pequeno grupo de manifestantes.

José Luís Carneiro esteve reunido com a secretária para a Administração e Justiça em representação do chefe do Executivo. Durante o encontro, Sonia Chan reiterou a intenção, tornada pública no início de Maio por parte do Executivo da RAEM, de custear por completo a construção de um novo polo da Escola Portuguesa de Macau. Do leque de assuntos discutidos durante o encontro não fez, no entanto, parte qualquer referência ao acordos judiciais que Portugal e Macau assinaram recentemente, nem às eventuais consequências da eventual revisão da lei da extradição no território: “Não, não falamos. Não foi objecto de conversações, nem da minha parte, nem da parte da senhora Secretária do Governo de Macau”, adiantou José Luís Carneiro. “Não é algo que me tenha sido colocado pela comunidade portuguesa. Aliás, como disse na minha intervenção, vi nos portugueses e nas suas instituições a criação desta importante área estratégica como uma oportunidade, considerando as qualificações e o tipo de qualificações que aqui se encontram”, complementou o governante português.

Um grupo de centenas de manifestantes entrou esta segunda-feira na sede do Conselho Legislativo de Hong Kong, depois de derrubar barreiras e quebrar janelas, perante a impotência das forças policiais.

As estações televisivas de Hong Kong mostraram centenas de manifestantes, vestidos de negro, a passar por um posto de segurança e a usar barras de aço para derrubar barreiras de acesso ao edifício do Parlamento da cidade.

O grupo descolou da manifestação que reuniu mais de 10.000 pessoas nas ruas de Hong Kong para exigir mais democracia, no 22º aniversário do retorno à China da antiga colónia britânica.

Os manifestantes entraram em confrontos com os batalhões policiais antimotim, que procuravam conter a entrada no Conselho Legislativo, usando gás pimenta.

Ao fim de cinco horas de embate, os manifestantes conseguiram derrubar as barreiras de proteção e desmantelaram uma grade de metal que protegia uma das janelas do edifício, conseguindo assim entrar.

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