Vidros partidos, ecrãs e cadeiras arrancados, caos e destruição por todo o lado. Dezenas de manifestantes invadiram esta segunda-feira o Conselho Legislativo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, no dia em que se assinalou o 22º aniversário do regresso da antiga colónia britânica à soberania chinesa.
Um pequeno grupo, composto na maioria por estudantes que usavam capacetes e máscaras, usou um pequeno carro de metal, barras de ferro e peças de andaimes para partir o vidro e entrar para o interior do complexo que abriga a assembleia parlamentar do território vizinho.
Dezenas de manifestantes entraram no edifício e serão muitos os que ainda lá permanecem, de acordo com a agência Reuters. Depois de terem entrado no edifício, os manifestantes começaram a vandalizar as instalações. A sala do plenário, de acordo com a emissora pública de radiodifusão de Hong Kong, a RTHK, foi um dos principais alvos, com dezenas de jovens a pintar slogans nas paredes do edifício em que exigem a demissão da Chefe do Executivo, Carrie Lam e em que instam as autoridades da antiga colónia britânica a abrir mão das acusações de que são alvo os manifestantes que se envolveram em protestos com a polícia a 12 de Junho.
Os manifestantes destruíram câmaras de videovigilância, esfrangalharam cópias da Lei Básica e desfiguraram as fotografias do actual presidente do Conselho Legislativo, Andrew Leung e da antiga presidente Rita Fan. Os retratos acabaram por ser posteriormente destruídos. A fotografia de Tsang Yok-sing, antecessor de Leung no cargo, escapou ilesa.
Na sala do plenário, os manifestantes voltaram a encher as paredes de chavões contra a lei da extradição e tentaram encobrir o emblema da Região Administrativa Especial de Hong Kong com a bandeira colonial.
Antes, e durante várias horas, agentes da polícia de intervenção equipados com capacetes e bastões voltaram a recorrer a gás pimenta para obrigar os manifestantes a dispersar, mas o impasse acabou por se desvanecer ao início da noite, quando alguns activistas retiraram as barras de ferro com que o edifício do Conselho Legislativo foi reforçado nos últimos dias e forçaram a entrada no edifício.
Os manifestantes, alguns com filme plástico ao redor dos braços para proteger a pele contra o gás lacrimogéneo, voltaram a paralisar partes do vizinho polo financeiro ao ocupar ruas que já tinham sido interditadas com barreiras de metal.
Alguns dos manifestantes ergueram barricadas com canos de ferro nas ruas de acesso ao Conselho Legislativo com o objectivo de manter a polícia à margem.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, suspendeu o projecto de lei no dia 15 de Junho, na esteira de alguns dos maiores e mais violentos protestos de que a antiga colónia britânica foi palco em décadas, mas não chegou a descartá-lo, como exigiam os manifestantes.
Apoiada por Pequim, Carrie aferra-se ao cargo num momento de inédita reacção contra o Governo e uma série de protestos em massa que representam o maior desafio popular ao líder chinês, Xi Jinping, desde que chegou ao poder, em 2012: “Este é o fim de Hong Kong. Se Carrie Lam continuar a ser a nossa Chefe do Executivo, o que vemos é um manto de escuridão abater-se sobre Hong Kong”, disse uma dona de casa de 60 anos de sobrenome Lau, que tem um passaporte estrangeiro. “Queremos lutar pelos nossos jovens e pelas novas gerações”, diz, citada pela Reuters.
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