D. José da Costa Nunes: Pais acusam direcção de negligência

Os encarregados de educação que apresentaram queixa à Polícia Judiciária relativa aos alegados abusos sexuais perpetrados por um funcionário do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes acusam a instituição de negligência. Os pais acusam os responsáveis do infantário de desvalorizar a gravidade dos factos e não afastam a possibilidade de apresentar uma queixa-crime contra a escola.

Os pais das crianças que terão sido  vítimas de abuso sexual dentro das instalações do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, alegadamente perpetradas por um funcionário da instituição, poderão avançar com uma queixa-crime por negligência contra a direcção do estabelecimento de ensino: “Nós falamos entre nós e achamos um pouco duvidoso. Se não fizeram nenhuma investigação porque é que tinham avançado o suspeito? A minha mulher entrou em contacto com outras mães, para perceber se estavam a par do assunto e foi daí que percebemos que havia mais pessoas envolvidas. Percebemos que a escola nos tinha traído e que tinha e que tinha mentidos duas vezes: uma vez de manhã e outra vez na reunião”, disse o pai de uma das três supostas vítimas de assédio.

Numa entrevista esta tarde concedida ao Canal Macau, os encarregados de educação que apresentaram queixa junto da Polícia Judiciária acusam os responsáveis pelo infantário de terem fechado os olhos ao teor de denúncias que davam conta do suposto comportamento inapropriado do funcionário em questão. Em Fevereiro, os pais de uma das alegadas vítimas terão denunciado os alegados abusos, mas a informação só terá chegado ao conhecimento da direcção da escola mais de um mês e meio depois, a 24 de Abril: “O que nos disseram foi que punham as mãos no fogo por esta pessoa, que era das melhores pessoas que trabalhavam na escola e sempre prestável. Entretanto, o assuntou ficou falado e disseram-nos apenas que iriam ter alguma atenção,  mas à partida não seria nada”, adiantou a mãe de uma das alegadas vítimas.

Na terça-feira, o funcionário em causa e que prestava apoio a uma das turmas do primeiro ano do ensino pré-primário, foi suspenso, depois de uma nova denúncia ter sido apresentada. Em ambos os casos, terá sido dito aos encarregados de educação, que a queixa teria sido a primeira da índole dirigida contra o servente, mas durante uma reunião, realizada durante a tarde de ontem, a direcção do estabelecimento de ensino reconheceu que a docente responsável pela turma em questão terá recebido uma denúncia similar em Outubro: “Só quando mais tarde confrontamos a professora em causa é que ela nos diss que no final do ano passado, em Setembro, Outubro, tinha havido uma outra mãe que falou da mesma situação e que mais uma vez foi ignorada”, explicou ao Canal Macau a encarregada de educação.

Os pais que apresentaram queixa junto da Polícia Judiciária acusam os responsáveis pelo infantário de desvalorizar a gravidade dos factos que imputavam ao funcionário: “Durante uma semana só a professora é que sabia e não partilhou com ninguém. Ao fim de uma semana, partilhou com a psicóloga e decidiram não levar o casao à direcção, apesar de já ser o segundo, e mais tarde é que a direcção da escola, dia 24 de Abril, segundo confirmaram ontem na reunião aberta e nada foi feito. O caso não foi levado à AIPIM, o caso não foi levado à Polícia Judiciária”, complementou.

O presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, Miguel de Senna Fernandes, diz que o servente era bastante estimado por professores, por funcionários e pelas próprias crianças: “O funcionário em causa, toda a gente lá dentro só tecia elogios em relação à pessoa. Era pessoa de confiança, uma pessoa absolutamente eficiente, trabalhava para além daquilo que era suposto, ajudava na realização de filmes, ajudava na preparação das festas. Ajudava em tudo. Era uma pessoa em quem se confiava inteiramente, inclusivamente as próprias crianças. Ele era das pessoas mais queridas e as próprias crianças gostavam dele”, sublinhou o dirigente.

O funcionário, que trabalhava desde 2014 no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, é acusado pelos pais de ter tocado de forma inapropriada nas crianças e de solicitar que as alegadas vítimas lhe tocassem nas partes privadas. As duas meninas foram submetidas a exames médicos no Centro Hospitalar Conde de São Januário, que determinaram que as crianças não terão sofrido abusos sexuais.

Esta tarde a Polícia Judiciária clarificou que o homem, de nacionalidade filipina, não foi detido, não  é suspeito, nem arguido. O Funcionário foi convidado pela PJ para cooperar com as investigações,  noticiou a Rádio Macau.

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