Cairo inaugura Grande Museu Egípcio

Fotografia: Pexels/Pixabay

Um espectáculo faraónico com luzes e laser, uma orquestra sinfónica, bailarinos com túnicas inspiradas em frescos antigos, ceptros e coroas douradas marcou, na noite de sábado a inauguração oficial do Grande Museu Egípcio (GEM) no Cairo.

“Estamos a escrever um novo capítulo da História do presente e do futuro, em nome desta antiga pátria”, declarou o presidente do Egipto, Abdel Fatah Al Sisi. O líder egípcio enalteceu “o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização” diante dos reis, chefes de Estado e dirigentes internacionais presentes para prestigiar o evento. “É um testemunho vivo do engenho dos seres humanos do Egipto”, acrescentou, na grande esplanada do edifício de vidro e pedra. O novo Museu tem vista para as pirâmides de Gizé, banhadas por luzes douradas.

Aquando da chegada dos convidados, drones desenharam uma mensagem em inglês nas três pirâmides e na esfinge, dando as “boas-vindas ao país da paz”.

Em seguida, foram apresentadas cenas de ballet e ópera com dezenas de artistas e figurantes envergando trajes antigos, antes de um espectáculo de fogo de artifício iluminar o céu: “Todos imaginamos e sonhamos com este projetco. Interrogávamo-nos se realmente se viria a tornar realidade, se todos seríamos testemunhas da sua implementação e assistiríamos a este grande dia”, disse o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly, durante uma conferência de imprensa realizada horas antes da inauguração

Marco incontornável da egiptologia

A construção do edifício, erguido num espaço de meio milhão de metros quadrados, com o apoio financeiro e técnico do Japão, custou mais de mil milhões de dólares e exigiu vinte anos de trabalhos de natureza faraónica: “A ideia do museu remonta há cerca de trinta anos, e após um período de interrupção devido às circunstâncias que o Egipto atravessou a partir de 2011, a maior parte do processo (…) ganhou forma nos últimos sete ou oito anos”, lembrou o primeiro-ministro egípcio no sábado.

A atracção principal é o tesouro de Tutancamon, descoberto em 1922 num túmulo inviolado no Vale dos Reis, no Alto Egipto, com cerca de 5.000 objectos funerários reunidos pela primeira vez num único espaço.

No total, o Grande Museu Egípcio abriga mais de 100.000 peças arqueológicas, das quais metade será exposta, formando a maior colecção do mundo dedicada a uma única civilização, que ao longo de 5.000 anos de história viu 30 dinastias se sucederem.

Na abertura ao público, na terça-feira, os visitantes serão recebidos no imenso átrio pela estátua mais monumental do museu – 83 toneladas de granito e 11 metros de altura -, que representa Ramsés II, o faraó que governou o Egipto durante 66 anos há mais de 3.000 anos.

Ao contrário do que suecede no Museu Egípcio, construído na época colonial no centro do Cairo, hoje antiquado e deteriorado, o Grande Museu Egípcio dispõe de galerias imersivas, iluminação de precisão, exposições de realidade virtual e inclusive um museu infantil.

Os apaixonados por arqueologia poderão acompanhar, através de uma vidraça, os trabalhos no laboratório de conservação para restaurar uma barca solar com 4.500 anos de antiguidade, encontrada perto da pirâmide de Quéops: “O Egipto vai tornar-se o centro da egiptologia (…) Não é aceitável que a maioria das conferências internacionais seja celebrada fora do país”, afirmou o ministro do Turismo, Sherif Fathi, durante um encontro com a imprensa.

Uma nova esperança para o turismo

O sector turístico egípcio, fonte vital de divisas e empregos, foi sacudido em múltiplas ocasiões durante a última década e meia, da revolta de 2011 às ondas de distúrbios e ataques terroristas esporádicos que se seguiram.

Nos últimos anos, o turismo mostrou sinais de recuperação, com 15 milhões de visitantes no Egipto nos primeiros nove meses de 2025, gerando 12,5 mil milhões de dólares, o que representou um aumento de 21 por cento em relação ao ano anterior.

Com “entre 5.000 e 6.000 visitantes diários” actualmente, “esperamos alcançar os 15.000”, disse o ministro do Turismo, estimando um aumento anual de cinco milhões de turistas, “a maioria dos quais visitará o museu”.

O governo trabalha actualmente na finalização de um “plano global” de desenvolvimento para o nordeste do Cairo, que se estenderá do novo Aeroporto Internacional Esfinge às pirâmides de Saqqara, e incluirá hotéis, restaurantes e centros comerciais, detalhou Fathi, que evitou perguntas sobre o custo da cerimónia.

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