Papa Leão XIV canoniza sete novos santos

Fotografia: Fabio Fistarol/Unsplash

O papa Leão XIV elevou no domingo aos altares sete novos santos. Entre eles estão o médico José Gregorio Hernández e a freira Carmen Rendiles, os dois primeiros venezuelanos proclamados santos.

O momento foi recebido com emoção em Caracas, onde milhares de católicos se reuniram durante a madrugada para acompanhar a transmissão da cerimónia no Vaticano.

Além dos dois venezuelanos, também foram canonizados o italiano Bartolo Longo, que praticou rituais satânicos antes de se converter ao catolicismo, o primeiro santo de Papua-Nova Guiné, Peter To Rot, o bispo arménio Ignazio Choukrallah Maloyan e as freiras italianas Vincenza Maria Poloni e Maria Troncatti.

Na Praça de São Pedro foram exibidos enormes retratos dos sete novos santos, no momento em que Leão XIV saiu da basílica com a cerimonial batina branca, precedido por bispos e cardeais também vestidos de branco.

O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, leu em voz alta os perfis dos novos santos, perante os mais de 55.000 católicos reunidos na Praça de São Pedros. Depois, Leão XIV leu o decreto de canonização, através do  qual os candidatos são oficialmente declarados santos: “Que a sua intercessão nos assista nos desafios com que nos deparámos e o seu exemplo nos inspire na comum vocação à santidade”, disse o pontífice durante a homilia.

Para uma canonização, são necessárias três condições: que o candidato à santidade tenha realizado pelo menos dois milagres, tenha falecido há pelo menos cinco anos e tenha mantido uma vida cristã exemplar.

Venerado há muitos anos na Venezuela, José Gregorio Hernández Cisnero nasceu em 26 de Outubro de 1864 na pequena localidade andina de Isnotú, no estado de Trujillo, numa região demarcadamente rural.

O agora santo mudou-se para Caracas para estudar, onde se formou em Medicina em 1888. Fundou a Academia Nacional de Medicina e combateu a epidemia de gripe espanhola, que matou um por cento da população do país.

O médico, considerado milagroso, atendia gratuitamente pacientes pobres e, se necessário, dava dinheiro para ajudar nos medicamentos.

Falecido em 1919, a sua imagem faz parte da cultura popular da Venezuela, onde os mais devotos não apenas o veneram, mas também imitam a formo como se vestia, como um acto de fé. Uma estátua de nove metros do novo santo está a ser construída no estado de Carabobo.

Por sua vez, Carmen Elena Rendiles, a primeira santa venezuelana, foi uma freira que nasceu em 1903 sem o braço esquerdo e fundou a Congregação das Servas de Jesus. Rendiles faleceu em 1977.

O sacerdote satânico

 

Dos sete novos santos, três são mulheres. Além de Rendiles, foram canonizadas Vincenza Maria Poloni, fundadora no século XIX do Instituto das Irmãs da Misericórdia de Verona, e Maria Troncatti, freira das Filhas de Maria Auxiliadora, que chegou na década de 1920 ao Equador e dedicou a sua vida a ajudar a população indígena do país.

O pontífice também proclamou santo o “sacerdote satânico” Bartolo Longo (1841-1926). Depois de passar por uma fase ocultista e profundamente anticlerical durante a juventude, este advogado italiano redescobriu a fé católica e fundou o Santuário da Beata Virgem do Rosário de Pompeia.

A Papua-Nova Guiné também, tem desde domingo, seu primeiro santo, Peter To Rot, um catequista leigo assassinado durante a ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial. Outro dos santos canonizados neste domingo, o bispo armênio Ignazio Choukrallah Maloya, também foi assassinado, neste caso pelas forças turcas em 1915.

Esta foi a segunda cerimónia de canonização do papa Leão XIV desde que foi nomeado líder da Igreja Católica, a 8 de Maio.

No mês passado, o pontífice proclamou santos os italianos Carlo Acutis, um adolescente conhecido como “o influenciador de Deus”,  falecido em 2006, e Pier Giorgio Frassati, considerado um modelo de caridade que morreu em 1925, aos 24 anos.

 

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