O acesso a diversas plataformas de rede social – incluindo o Facebook, o Instagram e o Snapchat – foi “intencionalmente restringido” no Afeganistão, informou na quarta-feira (8) o site Netblocks, responsável pela monitorização do acesso à Internet em todo o mundo.
“Várias operadoras confirmaram as restrições; o padrão mostra um bloqueio intencional”, adianta o NetBlocks, que monitoriza a segurança cibernética e a gestão e funcionamento da Internet.
O país, de 48 milhões de habitantes, tem quatro milhões de usuários no Facebook e 1,3 milhão no Instagram. O incidente “está a afectar principalmente os telemóveis, com algumas linhas fixas também a sofrerem restrições”, segundo o NetBlocks.
O acesso às redes sociais a partir dos telemóveis está intermitente desde terça-feira, observaram jornalistas da AFP, uma semana depois das autoridades talibãs terem imposto um apagão nacional de 48 horas nas telecomunicações
Em várias províncias, as pessoas não conseguiam aceder às redes sociais a partir dos seus telemóveis e a navegação na Internet estava muito mais lenta do que o normal. O governo afegão não quis comentar o assunto.
No início de Setembro, as autoridades cortaram as ligações de Internet de alta velocidade em várias províncias para evitar o “vício” e a “corrupção moral”, uma iniciativa do líder supremo talibã Habitullah Akhundzada.
“Estou muito triste, o Instagram é meu principal meio para estar em contacto com os amigos que foram para o exterior”, contou Ghezal, uma artista de 24 anos que costuma compartilhar as suas obras nesta rede social.
Sara, de 21 anos, expressou a sua preocupação com o impacto que o bloqueio poderá ter nas mulheres, sujeitas a inúmeras restrições no país desde que os talibãs regressaram ao poder em 2021, adoptando uma visão ultraconservadora da lei islâmica.
As mulheres não podem exercer inúmeras profissões, viajar sem um acompanhante masculino, frequentar a escola além do ensino fundamental, passear nos parques ou frequentar ginásios.
“Deixamos de poder estudar ou de ir à biblioteca. Não nos resta mais nada, a não ser passar o tempo nas redes sociais”, comentou Sara, que lamenta o terrível impacto que a decisão teve “de um ponto de vista psicológico”.
As restrições contrastam com o discurso que as autoridades talibãs tinham até 2024, que exaltava os benefícios da fibra óptica, construída por governos anteriores apoiados pelos Estados Unidos, para aproximar o país do resto do mundo e tirá-lo da pobreza.


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