O responsável pela Junta Militar do Myanmar, Min Aung Hlaing, disse que a líder deposta Aung San Suu Kyi se encontra saudável em casa e vai comparecer em tribunal dentro de alguns dias, na primeira entrevista concedida desde que derrubou o governo liderado pela prémio Nobel da Paz num golpe a 1 de Fevereiro
O golpe mergulhou o país no caos. Recentemente, um grupo étnico armado que se opõe à junta atacou um posto militar numa cidade famosa pela mineração de jade no noroeste de Mianmar, enquanto outros incidentes violentos foram relatados em outras regiões do país.
Suu Kyi, laureada com o Prémio Nobel da Paz pela sua longa luta contra a ditadura militar, está entre as mais de 4 mil pessoas detidas desde o golpe. A líder pós-democracia enfrenta acusações que vão desde posse ilegal de rádios walkie-talkie até violação de uma lei de segredos de Estado: “Aung San Suu Kyi está em bom estado de saúde. Em casa e saudável. Será julgada por um tribunal dentro de alguns dias”, disse Min Aung Hlaing durante uma conversa por videoconferência com a emissora de língua chinesa de Hong Kong Phoenix Television no dia 20 de Maio. Partes da entrevista foram divulgadas este sábado
O entrevistador perguntou a Min o que achava do facto de Suu Kyi, de 75 anos, ser amplamente admirada no país com população de 53 milhões de habitantes por sua campanha por reformas democráticas que foram interrompidas pelo golpe: “Ela tentou fazer tudo o que podia”, respondeu Min Aung Hlaing.
O responsável reiterou que o Exército tomou o poder porque identificou o que diz ser uma fraude massiva num escrutínio eleitoral ganho pelo partido de Suu Kyi em Novembro, embora as acusações tenham sido rejeitadas pela comissão eleitoral da época. Min disse que o Exército realizará eleições e que potenciais mudanças na Constituição foram identificadas e serão feitas caso sejam “da vontade do povo”.
A aparição de Suu Kyi no tribunal está marcada para segunda-feira na capital, Naypyidaw. Até agora, ela apareceu apenas em imagens de vídeo e ainda não teve permissão para falar directamente com os seus advogados.
A junta citou razões de segurança para não permitir que ela fale com os seus advogados em particular, num momento em que as autoridades militares não conseguiram ainda garantir o controlo no país devido a protestos diários, greves e novas rebeliões.
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