Duas ameixoeiras de Java, uma acácia de vagens brancas e um exemplar de frangipani branca situado nas instalações do Templo de Kun Iam vão passar a integra a lista de salvaguarda das árvores antigas e preciosas de Macau, anunciou no fim-de-semana o Instituto para os Assuntos Municipais. Trata-se do primeiro grupo de exemplares localizados em instalações privadas a ser protegidos pelo Governo.
Uma tem mais de meio século de existência, outra perto disso e são, muito provavelmente, os seres vivos mais longevos do território. Duas ameixoeiras de java (syzigium cumini) com 510 e 490 anos de idade integram desde o fim-de-semana a chamada “Lista de Salvaguarda de Árvores Antigas e de Reconhecido Valor”, um mecanismo patrimonial criado pelo Instituto para os Assuntos Municipais que tem por objectivo assegurar a protecção de exemplares com comprovado valor histórico ou biológico.
Numa nota de imprensa publicada durante o fim-de-semana, o organismo liderado por José Tavares adianta que até ao final do ano vai procurar integrar na lista de “árvores antigas e preciosas de Macau” mais de seis dezenas de outros exemplares “sitas na Zona de Salvaguarda do Património Cultural e Religioso”. Para além de incluir na lista de protecção as duas ameixoeiras de Java, o IAM anunciou ainda que vai ser responsável pela protecção de uma frangipani branca e de uma acácia de vagens brancas que também integram o complexo do Templo de Kun Iam.
No comunicado, publicado no sábado, o Instituto para os Assuntos Municipais adianta que a Associação de Beneficência do Templo Kun Iam Ku Mio propôs, em 2019, abater as duas ameixoeiras de Java por considerar que poderiam constituir “eventuais riscos” para os visitantes do espaço de culto.
O IAM reconhece que o estado de saúde dos dois exemplares é preocupante, mas propõe-se, ainda assim, fazer o que está ao seu alcance para prolongar a longevidade das duas ameixoeiras: “Actualmente, as duas árvores antigas, no geral, não se encontram saudáveis, o seu ambiente de crescimento não é ideal, o centro de gravidade dos seus troncos é inclinado, há buracos em várias partes dos seus troncos, a sua saúde é fraca e a estrutura dos seus troncos, defeituosa”, escreve o organismo. “O IAM já definiu propostas específicas para protecção das árvores. Depois de assumir a gestão das duas árvores, serão implementadas, de imediato, medidas globais para a sua recuperação, envidando os maiores esforços para prolongar a longevidade das respectivas árvores e salvaguardar um património cultural valioso”, complementa o organismo liderado por José Tavares.
O Instituto para os Assuntos Municipais vai cooperar com o Instituto Cultural para assegurar a gestão e a protecção dos exemplares em questão. De acordo com uma avaliação conduzida em 2012 por especialistas do Jardim Botânico do Sul da China, os dois exemplares de syzygium cumini têm cerca de quinhentos anos e precedem em quase três séculos a contrução do próprio templo. A luz da legislação chinesa, as duas ameixoeiras seriam consideradas árvores antigas de nível I e nível II, tidas como as mais raras e mais valiosas. A versão actualizada da «Lista de Salvaguarda de Árvores Antigas e de Reconhecido Valor» será promulgada na próxima semana.
Leave a Reply