Mais de duas mil pessoas assinaram até às 14 horas desta segunda-feira um abaixo-assinado direccionado às forças de segurança do território. Os signatários querem que o Corpo de Polícia de Segurança Pública explique a alegada dualidade de critérios na abordagem da vigília em homenagem às vítimas do Massacre de Tiananmen e a uma iniciativa de apoio à imposição, por parte de Pequim, da lei da Segurança do Estado na vizinha Região Administrativa Especial de Macau.
A petição foi lançada na madrugada desta segunda-feira na plataforma change.org por um utilizador que se identifica como “wakeup my cow” (acorda minha vaca, em tradução literal), num trocadilho evidente com o nome da cidade.
Num breve texto escrito em língua chinesa, o responsável pela iniciativa insta a Polícia de Segurança Pública a responder a quatro questões, três das quais relativas a uma iniciativa de apoio à imposição, por parte do Governo Central, da Lei da Segurança do Estado em Hong Kong.
Na sexta-feira, um grupo composto por várias dezenas de pessoas, alugou um autocarro turístico de topo aberto e percorreu vários pontos da cidade, com o propósito de manifestar o seu apoio à decisão, tomada por Pequim, de impor a lei da Segurança Nacional na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Hong.
O grupo concentrou-se no Museu de Ciência de Macau, fez uma paragem na Torre de Macau e deslocou-se, depois, para a zona do Iao Hon, na parte norte da cidade. No mesmo dia, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública na conferência de imprensa de acompanhamento do panorama do novo coronavírus indicou que as forças de segurança não estavam ao corrente da iniciativa.
O criador do abaixo-assinado considera que a forma como agiu o grupo de apoio à lei da segurança nacional fez aumentar “muito o risco de o vírus se espalhar na comunidade”, até porque os responsáveis pela iniciativa visitaram “áreas densamente povoadas de Macau”. No texto da petição, o autor do abaixo assinado quer saber porque razão os impulsionadores da manifestação de apoio à lei da segurança nacional ainda não foram notificados pela polícia pelo que considera ser uma infracção evidente à lei: “Porque razão pode este grupo realizar excursões de autocarro e manifestações em Macau sem avisar previamente a Polícia de Segurança Pública? E porque razão não foi ainda acusado ou notificado pela polícia?”, lê-se no texto da petição.
O responsável pelo abaixo-assinado quer ainda que a PSP explique se as autoridades de Macau consideraram a iniciativa dinamizada na última sexta-feira decorreu de forma legal e qual a razão para a disparidade de tratamento na forma como lidou, na noite anterior, com os que procuraram recordar, no Largo do Senado, as vítimas do Massacre da Praça da Paz Celestial: “No caso de a manifestação de 5 de Junho ser vista como legal pela Polícia, porque razão duas pessoas sentadas em silêncio, a 4 de Junho, foram informadas de que estariam a violar a lei relativa ao direito de reunião e de manifestação? A manifestação de 5 de Junho também viola o Direito de Reunião e de Manifestação e a legislação relativa ao controlo e prevenção de doenças infecciosas?”, questiona o responsável pelo abaixo-assinado.
O responsável pela iniciativa insta ainda as forças de segurança a divulgar o número exacto de pessoas que foram conduzidas à esquadra na noite de quinta-feira. No texto, o criador do abaixo-assinado insta “a polícia de Macau a aderir ao Estado de Direito, a ser imparcial e altruísta” e a agir de forma independente do poder político: “Pedimos ao Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau que leve a série os incidentes aqui narrados e os investigue de forma adequada”, insta.
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