O Gabinete do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Hong Kong rejeitou as preocupações de que a lei da segurança do Estado que Pequim tenciona impor no território vizinho possa prejudicar os investidores estrangeiros. As autoridades chinesas reagiram assim às críticas formuladas por vários países, numa altura em que os laços entre Pequim e Washington se continuam a deteriorar.
A lei de segurança do Estado, que pode autorizar as forças de segurança chinesas a actuar em Hong Kong, suscitou calafrios junto das representações diplomáticas e de câmaras de negócios, assustou os mercados financeiros e contribuiu para um aumento das tensões geopolíticas.
As autoridades norte-americanas defendem que a legislação vai liquidar a autonomia da antiga colónia britânica e constitui um risco, tanto para a economias de Hong Kong, como para a economia da China Continental. Washington considera que a lei pode comprometer o estatuto especial de que o território beneficia à luz da legislação dos EUA e que o que ajudou a manter a sua posição como um centro financeiro global.
O Reino Unido, a Austrália e o Canadá expressaram “profunda preocupação” numa declaração conjunta sobre a lei de segurança do Estado proposta. No entender das três nações, a legislação prejudica o princípio “Um País, dois Sistemas”, concebido para enquadrar o regresso de Hong Kong à soberania chinesa, a 1 de Julho de 1997.
Banqueiros e investidores consideram que a legislação proposta por Pequim pode fazer com que dinheiro e quadros qualificados deixem a cidade.
Um porta-voz do Gabinete do Comissário do Ministério do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Hong Kong disse, numa nota de imprensa, que o alto grau de autonomia da cidade “permanecerá inalterado, e os interesses dos investidores estrangeiros na cidade continuarão a ser protegidos pela lei”.
A decisão de Pequim ocorre na sequência dos protestos pró-democracia que em 2019 mergulharam Hong Kong na maior crise política desde a transferência de administração da cidade entre o Reino Unido e a China.
O gabinete do comissário descreveu a posição tomada pelo Reino Unido, o Canadá e a Austrália como um exemplo de um “duplo padrão” e de uma “lógica criminosa”: “Não importa o quão venenosamente vocês nos difamem, provoquem, coajam ou chantageiem, o povo chinês continuará firme em salvaguardar a soberania e a segurança nacionais”, pode ler-se na nota de imprensa.
“Condenado é o plano que certas forças estrangeiras conceberam para minar a soberania e a segurança da China, explorando aqueles que causam problemas em Hong Kong como peões e a cidade como terreno fértil para actividades de separação, subversão, infiltração e sabotagem contra a China.”
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