Vaticano pede a Pequim que deixe de pressionar a Igreja Clandestina

A man rides his bicycle past the steps of a large Catholic church in the village of Bai Gu Tun, located on the outskirts of the city of Tianjin, around 70 km (43 miles) south-east of Beijing July 17, 2012.

O Vaticano pediu esta sexta-feira que Pequim coloque um fim às “pressões e intimidações” sobre as comunidades católicas “não oficiais” na China. O pedido foi formulado num documento em que são dadas orientações aos clérigos católicos no país.

Os cerca de 10 milhões de católicos na República Popular da China estão divididos entre os que pertencem à igreja oficial, controlada por Pequim, e os que seguem uma igreja clandestina, leal ao papa.

Em Setembro de 2018, a República Popular da China e a Santa Sé assinaram um acordo histórico, após 30 anos de negociações, em que ficou decidido a modalidade de nomeação dos bispos e que reconhece uma única Igreja Católica no país.

Esta sexta-feira, o Vaticano publicou um documento com o título “Orientação pastoral da Santa Sé sobre o registo civil do clero na China”, sobre os requerimentos das autoridades de Pequim para o clero, que muitos sacerdotes e bispos não aceitam, como a obediência às leis chinesas e a declaração da “independência” da Igreja chinesa.

Nas recomendações, a Santa Sé convida os fiéis chineses a aderir à associação patriótica católica da China, a igreja oficial, mas dá-lhes a liberdade de recusar, em nome da liberdade de consciência: “Deve ser respeitada a liberdade de consciência e, portanto, ninguém pode ser obrigado a dar um passo sem ter a intenção de o realizar”, escreve o Vaticano.

Mas o texto acrescenta uma crítica: “O Vaticano pede que nenhuma pressão ou intimidação seja aplicada às comunidades católicas ‘não oficiais’, como infelizmente tem acontecido”.

Segundo os fiéis, a repressão contra a igreja Católica clandestina não diminuiu desde a aproximação entre Pequim e o Vaticano em Setembro do ano passado.

Pelo contrário, o regime do presidente Xi Jinping parece ter aumentado a vigilância sobre todas as religiões, em especial católicos e muçulmanos.

Igrejas foram destruídas, cruzes retiradas das torres, creches religiosas foram fechadas e membros da igreja clandestina são frequentemente detidos.

De acordo com a Associated Press, a pressão actual já foi descrita como a mais rigorosa campanha anti-religiosa na China desde a Revolução Cultural de 1966-76.

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