Camboja. Sobreviventes encontrados após desmoronamento de prédio

As equipes de resgate encontraram duas pessoas vivas entre os escombros do edifício em construção que desabou no sábado na cidade cambojana de Sihanoukville. O incidente deixou pelo menos 28 mortos, de acordo com o último balanço, libertado ao final da tarde de segunda-feira.

Contra todas as esperanças, dois homens foram retirados de debaixo de uma rime de cascalho, de cimento e de vigas metálicas. Os sobreviventes receberam oxigénio e foram transportados para o hospital, constatou a agência France Press no local. No mesmo momento, três outros cadáveres foram retirados do meio dos escombros.

“Ouvi o som dos socorristas, pedi ajuda, mas não me ouviram”, declarou um dos sobreviventes, Ros Sitha, de 24 anos. “Tinha um corpo ao meu lado. Não tinha nada para beber”, disse à AFP.

Pouco antes, a sua esposa, de 47 anos, tinha dito que “não tinha esperanças” de que pudessem ser encontrados com vida. Os dois sobreviventes disseram sentir-se fracos, mas não sofreram ferimentos graves.

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, visitou o local da tragédia. Uma estância balnear reputada, Sihanoukville, tornou-se um dos principais destinos  dos investimentos chineses no país. 

“Não esperamos encontrar mais sobreviventes”, tinha dito à AFP pouco antes do resgate um soldado que pediu anonimato. O Exército coordena as operações nos escombros do prédio de sete andares, que se encontrava a ser construído por uma empresa chinesa.

Parentes das vítimas afirmaram acreditar que mais de uma dezenas de pessoas permanecem soterradas nos escombros do edifício. O prédio desabou na madrugada de sábado, numa altura em que dezenas de operários dormiam no seu interior.

No Camboja, um dos países mais pobres da Ásia, os acidentes em estaleiros de construção são comuns. Mas, perante a magnitude deste último desastre, o governador da província, Yu Min, renunciou ao cargo na segunda-feira.

Sihanoukville era uma tranquila comunidade de pescadores até a chegada de turistas ocidentais, primeiro, e de visitantes russos endinheirados, depois.

Nos últimos anos, a cidade – conhecida pela proliferação de casinos e de salas de jogo – recebeu inúmeros investimentos chineses e o fenómeno impulsionou a explosão do sector imobiliário.

Atualmente, há meia centena de casinos pertencentes a cidadãos chineses e dezenas de complexos hoteleiros em construção. Entre 2016 e 2018, o Governo chinês e empresas privadas investiram milhares de milhões de dólares na província de Preah Sihanouk, de acordo com estatísticas oficiais.

Três cidadãos chineses e um responsável cambojano foram interrogados após o desmoronamento. O primeiro ministro do Camboja atribuiu a tragédia à falta de cuidado da empresa construtora.

A embaixada da República Popular da China no Camboja expressou condolências e defendeu uma “investigação exaustiva” sobre o papel dos três chineses e as causas do acidente.

A Organização Internacional do Trabalho calcula que o Camboja tem quase 200.000 trabalhadores no sector de construção. A maior parte não têm formação e recebem o salário ao dia, sem qualquer tipo de vínculo legal ou protecção laboral.

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