Milhares de manifestantes, que protestam contra a lei da extradição, estão reunidos junto ao Conselho Legislativo de Hong Kong e a formar barricadas para impedir qualquer acção policial. O protesto começou a ser organizado muito antes de o texto começar a ser debatido pelo hemiciclo da antiga colónia britânica.
Junto ao Conselho Legislativo, os manifestantes, sobretudo jovens, gritam palavras de ordem como “Não à China!” e “Precisamos de democracia!”. Uma esmagadora maioria enverga máscaras ou lenços a cobrir quase a totalidade da cara.
Alguns dos manifestantes que falaram com a agência Lusa, muitos deles estudantes, disseram estar dispostos a permanecer no local até que o Executivo local recue na intenção de avançar com as alterações à lei da extradição. O diploma deverá permitir a extradição de suspeitos para países que não têm acordo com a vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, como é o caso da República Popular da China.
A polícia já bloqueou algumas vias no centro da cidade e posicionou-se para uma eventual intervenção no local onde os manifestantes repetem esta quarta-feira o protesto de domingo, considerado o maior em Hong Kong desde o regresso da metrópole à soberania chinesa.
Centenas de milhares de pessoas protestaram no domingo contra a proposta do Governo. Os organizadores asseguram que mais de um milhão de pessoas saíram no domingo à rua. O número é amplamente superior às estimativas das forças policiais, que admitiram apenas a participação de 240 mil.
Pelo menos uma centena de pequenas e médias empresas anunciaram planos para encerrar as portas de forma a permitir que os funcionários se juntem à manifestação prevista para esta quarta-feira, dia em que o Conselho Legislativo prossegue o debate sobre o diploma.
Proposto em Fevereiro e com uma votação final prevista para antes do final de Julho, o texto permitiria que a Chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de jurisdições sem acordos prévios.
Em teoria, os tribunais locais analisariam os casos individualmente e poderiam usar o poder de veto para impedir certas extradições na antiga colónia britânica.
Os defensores da lei argumentam que caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a República Popular da China tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.
Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
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