
Os vice-presidentes da República Popular da China, Wang Qishan, e do Brasil, Hamilton Mourão, acordaram na quinta-feira, em Pequim, “fortalecer os intercâmbios e a cooperação em todas as áreas”, durante o quinto encontro da comissão bilateral sino-brasileira (COSBAN).
Na acta da reunião, à qual a agência espanhola Efe teve acesso, é referido que Wang e Mourão “avaliaram positivamente os progressos recentes” nos laços bilaterais e falaram da preparação de um novo plano decenal que orientará as relações entre os dois países de 2022 a 2031.
Na quarta-feira, Mourão frisou haver a necessidade de “actualizar” o mecanismo COSBAN, criado em 2004, “quando o comércio era onze vezes menor”. Hoje, os dois vice-presidentes comprometeram-se em “melhorar a sua estrutura”.
Por enquanto, a única certeza é de que a sexta sessão daquela comissão será realizada novamente em Pequim.
Este quinto encontro, o primeiro desde 2015, ficou também marcado pela promessa de que Pequim e Brasília facilitarão e promoverão um comércio de alta qualidade.
Uma das queixas que Mourão apresentou na quarta-feira, no seu discurso perante o Conselho Empresarial China-Brasil, foi a “persistência” das exportações de produtos de baixo valor agregado ao gigante asiático. Essa questão foi também abordada na reunião conduzida na quinta-feira, tendo sido feito o compromisso de “criar condições para diversificar e aumentar o valor agregado dos produtos vendidos pelo Brasil à República Popular da China”.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e o volume de negócios na balança comercial entre ambos alcançou os 98,9 mil milhões de dólares só no ano passado, de acordo com dados oficiais.
Também no campo dos intercâmbios, ambos os países, que são membros do grupo de economias emergentes do grupo BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – concordaram em “promover fluxos de livre comércio no sector de produtos agrícolas e animais”, com vista a que as peras chinesas e os produtos de aquacultura daquele país entrem no Brasil, assim como os melões brasileiros sejam introduzidos na China.
As actas do acordo também mencionam outros produtos que, ao atenderem às condições sanitárias exigidas, entrarão na lista de livre comércio entre os dois países: laticínios, carne de porco, carne bovina processada termicamente, proteína de soja para ração animal, material genético de aves e plasma sanguíneo bovino.
A visita de Mourão à China serve de prelúdio aquela que será feita pelo chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, no segundo semestre deste ano, e à do Presidente chinês, Xi Jinping, que se deslocará ao Brasil em Novembro, aquando da sua participação na cimeira dos BRICS, em Brasília.
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