
O concurso EOs Global Student Entrepeneur distingue estudantes universitários que se tenham destacado no desenvolvimento de empresas enquanto completavam os estudos. A utilização da casca das vagens de cacau na produção de suplementos energéticos valeu a um grupo de seis estudantes equatorianos um prémio no valor de 30 mil dólares norte-americanos.
O aproveitamento da casca das vagens de cacau para a produção de bolachas valeu a um grupo de seis estudantes do Equador o sétimo lugar na edição de 2019 do EOs Global Student Entrepreneur Awards. A competição, cuja final se realizou no território em meados do mês passado, juntou em Macau os finalistas de uma competição que distingue os estudantes universitários que criam e operam negócios antes ainda de terminar a frequência do ensino superior.
A edição de 2019 do certame foi ganha por Daniela Blanco, estudante que fundou a Sunthetics. A empresa tem por propósito contribuir para que a indústria química se torne mais sustentável e menos prejudicial para o meio ambiente. Blanco arrecadou um prémio monetário no valor de 25 mil dólares norte-americanos e ainda 75 mil dólares em serviços providenciados pela Amazon.
Do Equador chegou um dos projectos que mais encheram o olho em Macau. Desenvolvido por um grupo de seis estudantes universitários, a maior parte dos quais alunos da UNiversidade Politécnica Salesiana de Tóquio, o Moshal propõe-se aproveitar um recurso que era, até agora, completamente desperdiçado, a casca das vagens de cacau.
Diego Hidalgo, um dos fundadores do Moshal, reconheceu, em declarações ao jornal El Telégrafo, que a deslocação a Macau permitiu reforçar o potencial do projecto que desenvolveram: “Um dos aspectos mais importantes é o facto de termos competido perante os melhores projectos de cada país e, apesar de não termos ganho, fomos uma das iniciativas favoritas do júri”, explicou o universitário.
Johanna Salazar, ideóloga do projecto, reconheceu que o propósito inicial dos fundadores do Moshal passava pelo desenvolvimento de novas produtos à base de cacau, mas os jovens cedo se aperceberam que a casca das vagens de cacau, matéria prima com grande potencial nutricional, era em grande medida desperdiçada. Os jovens analisaram as potencialidades das cascas de cacau e convenceram-se de que poderiam produzir, a baixo custo, produtos ricos em nutrientes: “Apercebemo-nos que 25 por cento das crianças sofrem de desnutrição crónica e que, em termos de produção agrícola, há resíduos com alto teor de fibra, nutrientes e minerais que não são aproveitados. Procuramos fazer algo para alterar esta situação”, explicou a jovem ao El Telégrafo.
É dessa epifania que nasce o Moshal, um projecto que, no entender dos seus fundadores, gera um impacto triplo, em domínios como a economia, a sociedade e o ambiente: “Por meio dos mecanismos de comércio justo adquirimos as cascas de cacau com as quais elaboramos o chá de cacau e a farinha com as quais fabricamos os biscoitos. Só trabalhamos por encomenda”, adianta Salazar.
O Moshal nasceu há pouco mais de um ano, mas os produtos da empresa só há pouco mais de seis meses chegaram ao mercado. O chá e as bolachas produzidos pelos alunos são comercializados em cantinas e salas de estudo da Universidade Politécnica Salesiana de Quito, onde estudam quatro dos seis fundadores da empresa.
O propósito dos responsáveis pelo Moshal é o de fazer chegar os novos produtos a uma maior quantidade possível de pessoas, razão pela qual os jovens empreendedores decidiram comercializar chá, bolachas e farinha a preços acessíveis. Um pacote de 20 biscoitos custo dois dólares, uma caixa de 20 saquetas de chá três dólares e a farinha de cacau três dólares e meio por cada 200 gramas: “Só as bolachas são elaboradas por pedido. O resto dos produtos está inteiramente à disposição, seja em maior, seja em menor quantidade”, explica Johanna Salazar.
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