Galgos. Governo reafirma responsabilidades da Yat Yuen

Seis departamentos do Executivo participaram esta tarde numa conferência de imprensa que serviu, sobretudo, para que o Governo recordasse à Yat Yuen que continua a ser responsável pelos animais. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos negou à empresa responsável pelo Canídromo a possibilidade de poder vir a alojar os animais nas instalações do Jockey Club.

As autoridades de Macau reiteraram esta quarta-feira que a responsabilidade pelo futuro dos galgos continua a pertencer à companhia de corridas Yat Yuen, mesmo depois do encerramento do Canídromo na sexta-feira.

Em conferência de imprensa conjunta, o vice-presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Lei Wai Nong, lembrou que “o termo do contrato [da concessão de exploração do Canídromo] não é o termo da responsabilidade” sobre cerca de 600 galgos que ainda pertencem à empresa.

“A companhia não pode passar a responsabilidade para o Governo” de Macau, declarou Lei Wai Nong, acrescentando que o IACM só intervirá “se existirem casos de abandono” dos cães, que correram naquela que associações internacionais consideraram uma das piores pistas do mundo, situada no norte da cidade: “Vamos ponderar um local para tratamento provisório dos cães que forem abandonados”, disse, sem mais pormenores.

A 12 de Julho, o IACM exigiu à Companhia de Corridas de Galgos a entrega imediata de um plano concreto para o realojamento dos animais, depois de a Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ter recusado prolongar o contrato de exploração do Canídromo, espaço que operava há mais de 50 anos.

A Yat Yuen tinha pedido ao Governo de Macau, em 2017, o prolongamento e alteração do mesmo contrato, solicitando autorização para transmitir corridas de galgos realizadas noutras regiões para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), em vez das corridas de galgos realizadas no território.

O director da DICJ, Paulo Martins Chan, disse que o pedido de alojamento dos cães nos estábulos do Jockey Club, que tal como a Yat Yuen pertence à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, devia “ter sido feito pelo Jockey, que não apresentou nada”.

Por outro lado, o contrato do Jockey Club não prevê que as instalações possam ser usadas para albergar cães, afirmou. Em relação aos galgos, o contrato da Yat Yuen não define responsabilidades, mas é aplicável a lei de protecção dos animais, disse o responsável. Martins Chan lembrou que a companhia nunca listou os galgos entre os bens que revertem a favor da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

O director dos Serviços de Finanças de Macau, Iong Kong Leong, indicou que no termo da concessão revertem para a RAEM edifícios, instalações e equipamentos construídos no terreno, enquanto o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng, precisou que, depois dos trabalhos de limpeza, o terreno do Canídromo, numa área de 40 mil metros quadrados, ficará reservado para “fins de educação e desporto”.

O director do Instituto do Desporto de Macau, Pun Weng Kun, garantiu que o centro desportivo que funciona no recinto continuará aberto ao público depois da saída da Yat Yuen “para diferentes actividades desportivas”.

Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, cujas receitas se encontram em queda há vários anos.

No ano passado, a Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) lançou uma petição internacional para conseguir que cerca de 650 galgos do Canídromo fossem adoptados.

Desde então, 50 instituições internacionais manifestaram-se, garantindo apoiar no plano de resgate ou comprometendo-se a encontrar casas adequadas para os cães.

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