Rússia assume o controlo de fábricas da Renault

Fotografia: Pieter Benjamin Nijs/Unsplash

Encurralada pelas sanções ocidentais contra a Rússia, a construtora francesa Renault confirmou esta segunda-feira que vendeu os seus activos neste país ao Estado russo, na primeira nacionalização significativa desde que a ofensiva contra a Ucrânia foi lançada por Moscovo.

Num comunicado, a Renault disse que cedeu a sua participação maioritária (67,69 por cento) na AvtoVAZ, o maior fabricante de automóveis Lada na Rússia, ao NAMI, o Instituto Russo de Pesquisa e Desenvolvimento de Automóveis e Motores.

Graças à AvtoVAZ, a Rússia foi, no ano passado, o segundo maior mercado do Grupo Renault, apenas atrás da Europa, com cerca de meio milhão de veículos vendidos.

Os detalhes financeiros não foram divulgados, mas o ministro russo da Indústria e Comércio, Denis Manturov, disse em Abril que a Renault planeava vender os seus activos russos por “um rublo simbólico”: “Foram assinados acordos sobre a transferência dos activos russos do Grupo Renault para a Federação Russa e para o governo de Moscovo”, afirmou o ministério, num comunicado.

O grupo automobilístico francês também cedeu à cidade de Moscovo as operações da Renault na Rússia, incluindo a fábrica que detinha perto da capital e que produzia os veículos dessa marca e da Nissan. O autarca Sergei Sobyanin anunciou que a fábrica vai relançar a marca soviética Moskvich.

A direcção da Renault já tinha anunciado que iria incluir nas suas contas do primeiro semestre um encargo de 2,2 milhões de euros como resultado dessa venda.

Impacto da guerra

Em 2008, a Renault tinha assumido com a Avtovaz um compromisso para se tornar accionista maioritária em 2014, sob a direcção de Carlos Ghosn.

Depois de fortes investimentos e da transferência de tecnologia para a Dacia, marca de baixo custo da Renault, a Avtovaz começou a dar lucro.

Acordos feitos na segunda feira mantêm a possibilidade de que a Renault volte a adquirir a filial russa ao fim de seis anos: “Hoje tomamos uma decisão difícil, mas necessária, e estamos a fazer uma escolha responsável para com os nossos 45.000 funcionários na Rússia, preservando, ao mesmo tempo, o rendimento do Grupo e a nossa capacidade de voltar ao país no futuro, num contexto diferente”, afirmou o CEO da Renault, Luca de Meo, num comunicado de imprensa.

A Avtovaz produz veículos na sua gigantesca fábrica de Togliatti, no sudoeste da Rússia. A fábrica emprega 35.000 pessoas.

Com o conflito na Ucrânia, o mercado russo entrou em colapso, e as fábricas do grupo passaram a operar com capacidade reduzida, parando de funcionar em alguns casos, devido à escassez de componentes pela imposição de sanções por parte do Ocidente.

 

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