O Japão reivindicou, pela primeira vez desde 2003, a soberania sobre quatro ilhas situadas a norte do arquipélago, sustentando que são “ocupadas ilegalmente” pela Rússia. A reivindicação é feita num momento em que os laços entre Moscovo e Tóquio se estão a deteriorar por causa do conflito na Ucrânia.
No “Livro Azul”, que rege a diplomacia do Japão, divulgado na sexta-feira , Tóquio abordou a questão da ocupação das ilhas. Chamadas pelo Japão de “Territórios do Norte”, os quatro territórios foram invadidas pelo Exército soviético nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial.
A disputa territorial impediu a assinatura de um tratado de paz entre os dois países desde o final da Segunda Guerra Mundial: “A principal preocupação entre o Japão e Rússia são os Territórios do Norte”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão no seu compêndio anual.
O ministério acrescentou que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia impede um diálogo com Moscovo sobre um eventual tratado de paz bilateral. O Japão apoiou os aliados do G7 na adopção de sanções contra instituições financeiras e as autoridades russas devido à invasão da Ucrânia.
Durante anos, o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pressionou para que o diálogo com a Rússia avançasse, com poucas conquistas a respeito das ilhas disputadas.
A 21 de Março último, Moscovo decidiu abandonar de vez as negociações, afirmando ser “impossível” discutir “com um país que assumiu uma posição abertamente hostil e busca provocar danos aos interesses do nosso país”: “A Rússia não pretende, nas actuais circunstâncias, continuar as negociações com o Japão sobre um tratado de paz”, disse o Ministério russo dos Negócios Estrangiros num comunicado divulgado na referida data.
“Uma vez que o Japão se tornou um país hostil e se uniu a uma série de acções hostis ao nosso país, é realmente muito difícil abordar a continuidade do processo de negociações”, reiterou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sexta-feira.
Segundo Peskov, as quatro ilhas em questão “são um território inalienável da Federação Russa”.
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