Um grupo de cientistas franceses anunciou esta terça-feira que tinha alcançado “a proeza” de dominar a reprodução da lagosta vermelha, o que poderia permitir a “reabilitação ecológica” da espécie, ameaçada de extinção.
Os especialistas do laboratório Stella Mare, da ilha francesa da Córsega, conseguiram obter espécimes juvenis, ou seja, que ainda não atingiram o tamanho adulto, deste crustáceo inscrito na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A façanha abre caminho para a reprodução em larga escala, afirmou à AFP Antoine Aiello, director do Stella Mare, uma plataforma dependente da Universidade da Córsega e do Centro Nacional Francês de Estudos Científicos: “A obtenção de um juvenil, qualquer que seja a espécie, é a chave tecnológica para abrir as portas para uma reprodução em maior escala e obter uma quantidade” suficiente para uma “restauração ecológica”, que poderia ocorrer num período máximo de cinco anos, segundo Aiello.
Duas outras equipas no mundo conseguiram até agora obter juvenis de lagosta vermelha, mas com taxas de sobrevivência menores.
Em menos de três meses, a experiência conduzida pelo Stella Mare produziu “seis juvenis, 83 dias após a eclosão dos ovos”, com uma “taxa de sobrevivência encorajadora de 50 por cento no último estágio larval”, explicaram os cientistas.
As capturas de lagosta vermelha na costa atlântica e no Mediterrâneo têm registado “um declínio contínuo”, de “mais de 90 por cento em algumas áreas” desde a década de 1950, de acordo com a União Europeia.
O objectivo é restaurar a espécie para que “os pescadores continuem a pescar lagosta selvagem”, de acordo com Aiello.
Na Córsega, um dos maiores centros de pesca de lagosta da Europa, as capturas caíram de 300 toneladas por ano na década de 1950 para 60 toneladas em 2020.
Actualmente, esta prática gera um volume de negócios anual superior a 4 milhões de euros e representa 70 por cento do rendimento da pesca profissional insular, explica Aiello, que defende o interesse “ecológico, económico e patrimonial do processo de reprodução para a Córsega e outros lugares”.
Leave a Reply