Rússia adverte contra ambições do Ocidente no Árctico

Fotografia: Willian Justen de Vasconcellos/Unsplash

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, declarou na segunda-feira  que o Árctico é uma área sob influência da Rússia e alertou os países ocidentais contra as suas ambições, a poucos dias de um importante fórum regional.

“Está claro para todos, há muito tempo, que esta terra é nossa,  que é nosso território. Respondemos pela segurança do nosso litoral, e tudo o que fazemos ali é perfeitamente legal e legítimo”, disse Lavrov, numa conferência de imprensa.

“Quando a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) tenta justificar a sua ofensiva no Árctico, não é a mesma situação, e temos perguntas para os nossos vizinhos, como a Noruega, que tentam justificar a chegada da Aliança ao Árctico”, afirmou, garantindo que o Grande Norte são “as nossas terras e as nossas águas”.

Os vastos recursos do Árctico estão cada vez mais acessíveis devido aos efeitos das mudanças climáticas e a área enfrenta crescentes tensões geopolíticas, especialmente entre Moscovo e Washington, um aliado dos países escandinavos.

Ambos os lados realizaram exercícios militares nos últimos meses, com os Estados Unidos a enviar bombardeiros para a Noruega através da NATO e Moscovo a realizar importantes exercícios aéreos e marítimos.

Cimeira na Islândia

As declarações surgem às vésperas do início de uma reunião do Conselho do Árctico, uma região que atrai cada vez mais interesses económicos e geopolíticos. A reunião inclui representantes de Rússia, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega e Islândia.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deve reunir-se com Lavrov pela primeira vez, antes de uma possível cúpula entre os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin em Junho.

Nesta segunda-feira, Blinken elogiou, durante uma visita à Dinamarca, um plano de investimentos de Copenhaga, avaliado em 200 milhões de euros (cerca de 243 milhões de dólares) e que visa o reforço da vigilância militar na Gronelândia e no Atlântico Norte.

Nesse contexto, Lavrov pediu a recativação das reuniões regulares entre os chefes de Estado-Maior dos países membros do Conselho para “reduzir os riscos a nível militar”. As reuniões estão suspensas desde 2014: “Seria perfeitamente lógico restabelecer essas relações entre os militares, que se entendem melhor do que os políticos”, disse o especialista russo Fyodor Lukianov, editor-chefe da revista “Russia in Global Affairs”.

“Mesmo que esta medida confirme um regresso à Guerra Fria, seria um passo adiante nesta situação”, disse ele, entrevistado pela AFP.

De modo constante, a Rússia foi aumentando a sua presença militar no Árctico nos últimos anos, reabrindo e melhorando várias bases e aeroportos abandonados desde o fim da era soviética.

Também implantou ali sistemas de defesa aérea S-400 de última geração.

Em Março, realizou diversas manobras na região, com o recurso a submarinos, realizando exercícios de destruição de drones, reabastecimento em voo e ataques de drones neutralizantes.

Os interesses russos chocam com os dos seus vizinhos regionais, incluindo os Estados Unidos, que, este ano, enviaram bombardeiros para exercícios militares na Noruega. Em 2020, posicionaram navios no Mar de Barents, na zona económica exclusiva da Rússia.

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