Apple aposta na reciclagem de terras raras como estratégia ambiental

Ao apresentar na terça-feira a sua nova linha de iPhones, a Apple anunciou na terça-feira que os novos dispositivos seriam produzidos com materiais reciclados, nomeadamente no que toca às chamadas terras raras. O anúncio surge ao abrigo de uma iniciativa ambiental reforçada que também tem implicações geopolíticas.

Anunciada como parte de uma série de acções de sustentabilidade, a Apple disse que a mudança tem por base iniciativas anteriores, incluindo a promessa de se tornar “100 por cento neutra em carbono” em todos os aspectos dos seus negócios.

A vice-presidente para as políticas ambientais da Apple, Lisa Jackson, afirmou durante o evento on-line de apresentação dos novos iPhone 12 que “pela primeira vez, a Apple está a usar elementos de terras raras 100 por cento reciclados em todos os ímans, inclusive na câmara, na sensibilidade ao toque e nos conectores MagSafe”.

O anúncio surge por entre o aumento das preocupações crescentes sobre o lixo eletrónico associado a milhares de milhões de smartphones descartados, à medida que os consumidores compram novos modelos. A opção é, ainda, justificada com as crescentes tensões políticas sobre os metais de terras raras necessários para muitos aparelhos de natureza electrónica.

Activistas ambientais expressaram preocupação com o impacto ambiental da exploração de terras raras. Alguns dos materiais têm origem em países que têm sido denunciados por violações dos direitos humanos ou dos direitos laborais.

A República Popular da China, cenário de acidentes de mineração que provocam dezenas de vidas, tem se destacado pela negativa, depois de ter transformado a zona de Baotou, na Mongólia Interior, num imenso cemitério de lixo tóxico, à medida que Pequim impulsiona a produção global de metais de terras raras.

No âmbito das tensões comerciais sino-americanas, a China ameaçou cortar o fornecimento de alguns materiais usados no fabrico de telemóveis, ameaça que fez disparar o temor de uma escassez global.

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos da América, a China tem os maiores depósitos de terras raras do mundo, com 44 milhões de toneladas de reservas. O Vietname e o Brasil têm 22 milhões de toneladas cada.

As dificuldades inerentes à exploração dos depósitos dos Estados Unidos por duas vezes forçaram o encerramento da única mina do país, situada em Mountain Pass, no estado da Califórnia. E a capacidade de refinar os materiais é limitada fora da República Popular da China, de acordo com os analistas.

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