Hong Kong: Reino Unido rebate acusações de Pequim e nega apoio a protestos violentos

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Jeremy Hunt, assegurou esta quinta-feira que não apoiou os protestos violentos na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong. A garantia foi hoje avançada depois da imprensa estatal chinesa ter culpado “ideólogos ocidentais” por fomentarem os tumultos de que foi palco a antiga colónia britânica. 

Na segunda-feira, centenas de manifestantes invadiram o edifício do Conselho Legislativo de Hong Kong, na sequência da manifestação organizada por ocasião do 22º aniversário do regresso do território vizinho à soberania chinesa. Hong Kong tornou-se em 1997 uma Região Administrativa Especial sob a fórmula “Um País, Dois sistemas”, modelo que permite liberdades inexistentes na República Popular da China, como o direito ao protesto.

A reacção ocorreu após semanas de protestos contra  a proposta de revisão de um projeto de lei, agora suspenso que, de acordo com os manifestantes, minaria o tão valorizado Estado de Direito de Hong Kong e daria a Pequim o poder de julgar activistas em tribunais da República Popular da China, controlados directamente pelo Partido Comunista.

A República Popular da China intensificou uma guerra de palavras com o Reino Unido a respeito de Hong Kong, especialmente depois de Jeremy Hunt, que é candidato à liderança do Governo, ter alertado para as consequências de Pequim negligenciar os compromissos que assumiu quando voltou a administrar Hong Kong, há 22 anos.

A imprensa estatal, em particular, culpou o Reino Unido, os Estados Unidos da América e outros governos ocidentais por oferecerem apoio moral aos manifestantes: “Os ideólogos dos governos ocidentais nunca cessam os esforços com o propósito de engendrar tumultos contra governos que não são de seu agrado, embora as suas acções tenham causado sofrimento e caos em vários países na América Latina, em África, no Médio Oriente e na Ásia”, escreveu o diário estatal China Daily num editorial.

“Agora estão a tentar o mesmo truque na República Popular da China”, afirmou a publicação em língua inglesa. Em declarações à rádio BBC, Hunt reiterou a sua posição de repúdio à violência:  “Permitam-me esclarecer o que eu disse. Disse que repudiei, e nós como Reino Unido repudiamos, toda a violência e que as pessoas que apoiam os manifestantes pró-democracia teriam ficado muito desalentadas com as cenas a que assistimos”, disse Hunt, que almeja tornar-se no próximo primeiro-ministro britânico.

A República Popular da China lembrou que o Reino Unido já não tem qualquer responsabilidade sobre Hong Kong. Londres diz, no entanto, que ainda considera válida a Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1984 no que toca aos termos da devolução de Hong Kong, sobretudo no que garante às liberdades de que goza a população do território vizinho:  “Não acho que seja uma grande surpresa que a China tenha reagido desta maneira, mas Pequim precisa de entender que o Reino Unido é um país que honra as suas obrigações internacionais”, sublinhou Hunt.

Be the first to comment

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.