China tem vontade “genuína” de equilibrar balança comercial, diz Rodrigo Brum

O secretário-geral adjunto do Fórum de Cooperação Económica entre a China e a República Popular da China considerou este sábado que a China tem uma vontade “genuína” de equilibrar o seu comércio externo. Rodrigo Brum salientou a importância para os países africanos de venderem mais produtos transformados.

“A República Popular da China já manifestou, no ano passado, em Xangai, com a Feira [Internacional de Importações], que está seriamente empenhada em compensar as exportações de produtos chineses com um aumento das importações”, considerou Rodrigo Brum.

O responsável falou à agência Lusa em Changsha, no centro da República Popular da China, onde participa na primeira Exposição Económica e Comercial China/África.

“Há obviamente interesse por produtos com mais qualidade e também produtos transformados”, considerou o secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa:  “E essa é que é a questão importante: não pensarmos só na exportação de matérias-primas pelos países africanos, mas sim de produtos transformados; ter a contrapartida de investimentos chineses na produção e a concretização de investimentos produtivos”, apontou.

“Acima de tudo aumentar a riqueza que fica nos países que exportam”, resumiu.

Organizada em conjunto pelo ministério chinês do Comércio e o governo da província de Hunan, a exposição em Changsha foi lançada no âmbito do Fórum de Cooperação China-África, e visa estabelecer um “novo mecanismo” de cooperação comercial e económica entre a China e os países africanos.

Em Setembro passado, na abertura do Fórum de Cooperação, em Pequim, o Presidente chinês, Xi Jinping, comprometeu-se em facilitar as importações oriundas de África, sobretudo produtos transformados.

Eventos como a exposição que decorre em Changsha, e a Feira de Importações em Xangai, fazem parte dos esforços do país em promover a sua abertura ao comércio internacional, numa altura em que as potências ocidentais acusam as políticas industriais de Pequim de violar os seus compromissos de abertura do mercado.

Washington e Bruxelas condenam a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa. Grupos empresariais queixam-se de que Pequim está a ampliar as suas importações, visando atender à procura dos consumidores e fabricantes domésticos, mas que bloqueia o acesso a vários sectores.

As práticas comerciais de Pequim motivaram já uma guerra comercial com os Estados Unidos da América, com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e subir as taxas alfandegárias sobre cerca de metade das importações oriundas da China e a bloquear o fornecimento de tecnologia chave a empresas chinesas, nomeadamente a gigante das telecomunicações Huawei.

O Secretário-Geral Adjunto do Fórum de Macau apontou o modelo de desenvolvimento chinês como um exemplo a seguir para muitos países africanos: “Conseguiu tirar população do campo e da pobreza em número recorde, e é isso que grande parte dos países africanos precisam de fazer também”, disse. “Mesmo os países menos desenvolvidos têm que olhar para esta experiência da República Popular da China como algo que pode ser concretizável nos seus países e não ficarem deslumbrados e acharem que isto é inatingível”, acrescentou.

Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China – que até há quatro décadas vivia num universo à parte, mergulhada em constantes “campanhas políticas”, pobreza e isolamento – é hoje a segunda maior economia mundial.

Mas décadas de acelerado crescimento económico causaram sérios problemas ambientais, com as principais cidades do país frequentemente cobertas por um espesso manto de poluição. E, apesar de o país ter rompido com a ortodoxia comunista, no final dos anos 1980, o Partido Comunista continuou a assumir uma autoridade indisputada e os privilégios da elite dominante, sem garantir direitos civis ou políticos, mantendo um apertado controlo sobre a imprensa, sociedade civil e dissidentes políticos.

A República Popular da China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum de Macau.

Este fórum tem um secretariado permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e integra, além da secretária-geral, Xu Yingzhen, e de três secretários-gerais adjuntos, oito delegados dos países de língua portuguesa.

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