Caso Victor Mallet. Hong Kong defende-se das críticas de Londres e de Washington

As autoridades da antiga colónia britânica entendem que não devem explicações nem ao Reino Unido, nem aos Estados Unidos da América por não terem renovado o visto de trabalho a Victor Mallet. O executivo da RAEHK acusam Londres e Washington de interferência nos assuntos internos da RAEHK.

O Governo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong defendeu-se este domingo contra as críticas recebidas por parte do Reino Unido e dos Estados Unidos da América, depois das autoridades do território terem recusado renovar o visto de trabalho de um jornalista do Financial Times.

“Nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir nas decisões tomadas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong sobre questões de vistos”, afirmaram as autoridades, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

Hong Kong respondeu assim às críticas de Londres e de Washington, que exigiram “explicações urgentes” às autoridades daquele território: “Pedimos ao governo de Hong Kong que dê uma explicação urgente”, apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, em comunicado, no sábado.

“O alto grau de autonomia e liberdade de imprensa de Hong Kong está no centro do seu estilo de vida e deve ser plenamente respeitado”, acrescentaram as autoridades.

O consulado dos Estados Unidos na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong descreveu a medida tomada contra o jornalista Victor Mallet como “particularmente preocupante”.

O Financial Times revelou na sexta-feira que Hong Kong recusou renovar o visto de trabalho a Victor Mallet, que serviu de mediador, em Agosto, a uma palestra protagonizada por Andy Chan, um activista pró-independência daquele território.

Mallet é vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, organismo que recusou ceder ao pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês de cancelar a palestra, reiterando como prioridade a defesa da liberdade de expressão.

Este pedido é o primeiro deste tipo desde 1997, data da transferência de soberania do Reino Unido para a China e surge numa altura em que Pequim continua a reforçar o domínio sobre Hong Kong que, ao abrigo da lei básica local, goza de liberdade de expressão e poder judicial independente.

O partido foi ilegalizado a 24 de Setembro passado, numa decisão sem precedentes anunciada pelo secretário para a Segurança, John Lee Ka-chiu.

Victor Mallet, de 58 anos, é jornalista há mais de três décadas na Ásia, Europa, Médio Oriente e África.

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