Taipé abre mão de reconhecimento por parte da ONU

O governo formosino não vai solicitar à Assembleia Geral da ONU a readmissão no seio do organismo. Os países membros das Nações Unidas reunem-se a partir de 18 de Setembro em Nova Iorque e Taipé pede, pelo menos, respeito pelos 23,5 milhões de habitantes da ilha.

Taiwan decidiu que este ano não apresentará uma campanha para pedir a readmissão na Organização das Nações Unidas e nas respectivas agências durante a próxima sessão da Assembleia-geral do organismo, cujo início está agendado para Setembro, anunciaram esta quarta-feira as autoridades da ilha.
O anúncio foi ontem feito pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Hsieh Wu-chiao, que precisou que a Formosa vai pedir apenas que a ONU não esqueça os 23,5 milhões de habitantes de Taiwan, que não proíba a participação de cidadãos e de jornalistas daquele território em eventos da organização internacional e que inclua a ilha nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Esperamos lembrar uma vez mais ao mundo que Taiwan é uma força razoável, positiva e que contribui para a região e para o mundo”, declarou o vice-ministro.
A decisão representa uma ruptura com a estratégia definida pelo território em 2017, bem como com a posição adoptada por Taipé entre 1991 e 2007.
Durante este período de 16 anos, Taiwan pediu a admissão na Organização das Nações Unidas e em várias agências da organização, nomeadamente na Organização Mundial de Saúde (OMS), na Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) e na Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).
Depois de uma pausa de uma década, Taiwan reactivou em 2017 os seus esforços junto dos respectivos aliados para tentar reunir apoios e alcançar a readmissão na Organização das Nações Unidas, organização que deixou em Outubro de 1971 após a reentrada da China. A República Popular é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU).
Pequim considera que a ilha de Taiwan é parte integrante do seu território. A campanha de 2017, liderada pela Presidente Tsai Ing-wen, veio intensificar as tensões com a China, que tem conseguido nos últimos meses algumas vitórias diplomáticas, com o afastamento de vários aliados de Taiwan. Pequim enviou para as imediações da ilha aviões e navios militares.
No passado dia 21 de Agosto, Taiwan anunciou o corte de relações diplomáticas com El Salvador. Em poucos meses, tratou-se do terceiro país a abandonar as ligações com Taipé para beneficiar da cooperação com a República Popular da China.
Em Maio passado, o Burkina Faso já tinha rompido com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, a 1 de Março, a ruptura com Taiwan.
Actualmente apenas 17 Estados, incluindo o Vaticano, reconhecem a ilha, com um Governo autónomo da China desde a revolução comunista de 1949.
A abertura da 73.ª sessão da Assembleia-geral da ONU está prevista para 18 de Setembro.

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