“Mais do que Portugal, o 25 de Abril mudou a Europa”

João Soares abordou o legado da “Revolução dos Cravos” ao final da tarde de sábado no Clube Militar. O antigo Ministro da Cultura diz que o movimento militar de 25 de Abril de 1974 acelerou o fim dos regimes dictatoriais na Grécia e na Espanha. O deputado socialista deixou elogios à China, país que considera um garante de estabilidade.

A Revolução de 25 de Abril de 1974 mudou não apenas Portugal, mas também a Europa. Esta foi a mensagem que João Soares deixou ao final da tarde de sábado no Clube Militar, no âmbito de uma palestra em que o legado da “Revolução dos Cravos” voltou a ser evocado.

“O 25 de Abriol continua a ser uma grande lição, não apenas para Portugal, mas para a própria Europa e para o projecto europeu, que tem estado em causa nos últimos ano. São os valores do 25 de Abril que devem orientar-nos naquela que é a construcção de uma perspectiva de futuro que comece por ser solidária, em termos nacionais e em termos europeus e internacionais”, defendeu o antigo Ministro da Cultura do governo liderado por António Costa.

O actual deputado do Partido Socialista considera que o exemplo da revolução portuguesa deu um contributo crucial para o fim dos regimes dictatoriais em Espanha e na Grécia, acelerando o processo de construção de uma Europa mais solidária: “Nós tinhamos sido a mais longa ditadura de direita na Europa ocidental e fomos dos primeiros a libertarmo-nos, graças às nossas próprias forças, o que é qualquer coisa de profundamente original. Não tivemos qualquer espécie de ajuda exterior e influenciamos decisivamente quer a Espanha, quer a Grécia e depois muitos processos da América Latina. Lembre-se até, se quiser, como símbolo bonito dessa influência, as canções de Chico Buarque logo a seguir, “Foi bonita a festa pá, manda um cravo para mim”, recorda João Soares.

O militante socialista faz um balanço positivo da visita de quase uma semana que efectuou ao território, depois de ter assistido à cerimónia de transição e de ter estado em Macau por duas ocasiões, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Soares deixa elogias à República Popular da China, país que vê como um garante de estabilidade: “Macau tem dado passos muito significativos do ponto de vista da sua afirmação como uma grande plataforma e um ponto de encontro com tudo o que tem que ver com o universo lufófono e isso é particularmente gratificante. A China está a afirmar-se indicutivelmente como uma grande potência no mundo e é uma potência que traz valores e estabilidade , independentemente das opções ideológicas que faça neste ou naquele plano”, assume.

O antigo ministro da Cultura do Executivo de Lisboa elogia o papel que Pequim desempenhou na aproximação entre os Governos de Seul e de Pyongyang. Moon Jae-in e Kim Jong-un, recorde-se, estiveram na quinta-feira reunidos na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias e assinaram um compromisso em que se propõem acelerar o processo de desnuclearização da península.

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