O quarto secreto. Florença apresenta nova atracção

Fotografia: Jonathan Korner/Unsplash

Se a Toscânia e a Renascença são indissociáveis, Florença é o epicentro do movimento artístico e científico que abriu os horizontes à Humanidade. A cidade dos Medici vai contar, a partir de meados do corrente mês, com uma nova atracção: o quarto secreto de Michelangelo.

Pela primeira vez, o público poderá contemplar esboços de Michelangelo, expoente máximo da segunda fase do Renascimento, distribuídos nas paredes de uma cave onde o pintor se refugiou em Florença.

Os esboços, feitos em carvão, cobrem as paredes de um antigo espaço de armazenamento localizado nas profundezas das Capelas dos Médici. O espaço abre ao público no dia 15 de Novembro.

Este espaço, com uma dimensão de dez por três metros, conhecido como “quarto secreto” de Michelangelo, foi utilizado para guardar carvão até 1955. Posteriormente, ficou “sem uso, fechado e esquecido durante décadas atrás de um alçapão coberto por armários e móveis”, antes de ser redescoberto em 1975, informou o Museu das Capelas dos Médici, num comunicado.

O historiador da arte Paolo Dal Poggetto, ex-director da instituição, atribuiu muitos dos desenhos encontrados a Michelangelo, conhecido pela estátua monumental de David e pelos frescos da Capela Sistina, no Vaticano.

Dal Poggetto acredita que o pintor italiano se refugiou do papa Clemente VII neste local durante dois meses em 1530 porque o pontífice, membro da família Medici, estava “furioso” com ele.

O artista foi incumbido de assumir a supervisão das fortificações da cidade durante o breve período de governo republicano (1527-1530), durante o qual os Médici foram expulsos de Florença: “Os desenhos, que ainda estão a ser estudados por críticos de arte, foram feitos durante o período de ‘autoconfinamento’ do artista, que utilizava as paredes do pequeno quarto para ‘esboçar’ alguns de seus projectos”, salienta o museu.

A conservadora Francesca de Luca afirmou que o espaço é “verdadeiramente único devido ao seu excepcional potencial evocativo”: “As paredes parecem estar cheios de numerosos esboços de figuras, muitas delas do tamanho de monumentos”, afirmou a nota de imprensa. “Estão acompanhadas por estudos, que variam entre análises profundas e superficiais, captando detalhes do corpo, traços faciais e poses inusitadas”, acrescentou.

A partir de 15 de Novembro será permitida a entrada de pequenos grupos de no máximo quatro pessoas, com intervalos entre cada visita para limitar o tempo de exposição dos desenhos à luz LED.

 

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