A Coreia do Norte evitou na quinta-feira as subtilezas diplomáticas e adoptou um tom combativo ao assumir a presidência rotativa da Conferência de Desarmamento, em Genebra.
“O meu país ainda está em guerra com os Estados Unidos”, declarou o embaixador da Coreia do Norte na Organização das Nações Unidas, Han Tae-Song.
Cerca de 50 países protestaram contra o facto de a Coreia do Norte, país armado nuclearmente e imprevisível, ter sido designado para liderar o fórum multilateral sobre desarmamento, que decorrerá nas próximas três semanas.
Cabia à Coreia do Norte presidir a conferência na ocasião actual, porque essa função é atribuída em ordem alfabética (a partir do nome dos países em inglês) entre os seus 65 membros. Ainda assim, dezenas de organizações não-governamentais pediram que os países deixassem a sala da conferência em sinal de protesto.
Não houve uma debandada, mas muitas nações decidiram enviar apenas diplomatas do baixo escalão. Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Austrália e a Coreia do Sul, entre outros, aproveitaram a ocasião para criticar a Coreia do Norte pelos seus testes de mísseis balísticos e um temido teste nuclear, supostamente o primeiro desde 2017.
“Seguimos fortemente preocupados com as acções imprudentes da República Democrática da Coreia, que continuam a minar seriamente o verdadeiro significado da Conferência de Desarmamento”, declarou a embaixadora australiana Amanda Gorely, em nome de um grupo de países.
A decisão de permanecer na sala não deve ser interpretada como um “consentimento tácito” às violações da lei internacional pela Coreia do Norte, assinalou Gorely. O embaixador norte-coreano limitou-se a responder: “O presidente toma nota da sua declaração”.
A Conferência de Desarmamento não é um corpo das Nações Unidas, mas reúne-se na sede da ONU em Genebra. É um fórum multilateral sobre desarmamento, que organiza três sessões por ano.
A conferência conduz negociações sobre o controle de armas e acordos de desarmamento e visa o fim da corrida armamentista nuclear.
O chefe da diplomacia americana, Ned Price, disse que o que aconteceu nesta quinta-feira “coloca em evidência a questão” da legitimidade do fórum, e criticou o facto de a presidência ter sido concedida “a um regime que fez mais do que qualquer outro governo no mundo para minar o princípio da não proliferação”.
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