A República Popular da China expressou esta quinta-feira a sua veemente oposição às negociações comerciais entre os Estados Unidos e Taiwan, ilha que Pequim considera parte de seu território.
“A China opõe-se de modo veemente a qualquer forma de intercâmbio oficial entre qualquer país e Taiwan, incluindo a negociação e assinatura de um acordo económico e comercial com conotações soberanas e caráter oficial”, disse o porta-voz do ministério do Comércio, Gao Feng aos jornalistas, um dia depois do anúncio do estabelecimento de negociações comerciais entre Taiwan e os Estados Unidos.
A China considera Taiwan como uma de suas províncias, embora não controle o território insular de 24 milhões de habitantes. A ilha possui o seu próprio governo, moeda e exército, mas nunca declarou formalmente a sua independência.
Se isso acontecer, a China ameaça recorrer à força. E actualmente opõe-se a qualquer contacto oficial entre Taiwan e os outros países. Mas Washington e Taipé desafiaram Pequim na quarta-feira ao iniciar negociações comerciais.
O anúncio aconteceu dois dias depois de 30 aviões chineses terem entrado na zona de defesa aérea de Taiwan.
Além disso, a 23 de Maio, durante uma viagem pela Ásia, o presidente americano Joe Biden anunciou uma nova associação económica Ásia-Pacífico.
E na semana passada, Washington e Taipé anunciaram que desejavam reforçar as suas relações comerciais.
Estados Unidos da América e Taiwan estão vinculados desde 1994 por um “marco” de comércio e investimentos. Na quinta, o porta-voz chinês pediu que os Estados Unidos da América “se abstenham de enviar um sinal errado aos separatistas” que desejam a independência da ilha.
A vice-representante de Comércio dos EUA, Sarah Bianchi, e o ministro de Taiwan, John Deng, encontraram-se virtualmente na quarta-feira.
Segundo Deng, as discussões “abririam mais possibilidades de cooperação económica”: “Podemos dizer que é um avanço histórico”, acrescentou nesta quinta-feira durante uma conferência de imprensa em Taipei.
Uma primeira reunião está prevista “para este mês em Washington e sob os auspícios do TECRO”, o escritório de representação económica e cultural de Taipei nos Estados Unidos, e do Instituto Americano de Taiwan.
Na ausência de relações diplomáticas formais, o TECRO representa os interesses de Taiwan nos Estados Unidos e funciona como uma embaixada não-oficial.
O governo dos Estados Unidos não reconhece oficialmente Taiwan, como a maioria dos países. Mas Washington apoia fortemente o estatuto “democrático” da ilha.
Taipé também aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2002, o que contribuiu para o crescimento do comércio bilateral.
Os Estados Unidos são o maior parceiro e fornecedor de armas de Taiwan.
O próximo passo nas relações económica seria um acordo comercial formal, jamais concretizado devido ao complexo contexto político.
Desde o fim da guerra civil na China em 1949, Taiwan é governada por um regime que se opõe ao executivo comunista. O presidente chinês Xi Jinping quer “reunificar” Taiwan com “a pátria” e não exclui o uso da força para conseguir isso.
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