Dezenas de civis foram retirados no domingo dos bunkers da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia, depois da Organização das Nações Unidas e a Cruz Vermelha Internacional terem conseguido garantir um acordo para aliviar as tensões no cerco mais destrutivo da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O cerco de Mariupol, em que as forças russas atacaram a cidade portuária durante quase dois meses, transformou a urbe num terreno baldio. Os ataques geraram um número desconhecido de vítimas. Milhares de outras pessoas tentam sobreviver sem água, sem saneamento ou sem comida.
A cidade está sob controlo russo, mas alguns combatentes e civis ucranianos abrigaram-se no subsolo da siderúrgica de Azovstal – uma grande fábrica da era soviética fundada nos tempos de Josef Stalin, com um labirinto de bunkers e túneis projectados para resistir a ataques.
Depois de um fotógrafo da Reuters no domingo ter testemunhado dezenas de civis a chegar a um centro de acomodação temporário, a Organização das Nações Unidas confirmou o que chamou de operação de passagem segura para retirar pessoas da siderúrgica, uma missão já em andamento a partir do sábado.
“A ONU confirma que está em andamento uma operação de passagem segura na siderúrgica de Azovstal, em coordenação com a Cruz Vermelha e com as partes em conflito”, disse o porta-voz da ONU Saviano Abreu.
“Neste momento, e como as operações estão em andamento, não vamos compartilhar mais detalhes, uma vez que isso pode comprometer a segurança dos civis e do comboio humanitário”, disse Abreu.
O fotógrafo da Reuters viu os civis a chegarem à localidade de Bezimenne, na região de Donetsk, e a cerca de 30 quilómetros de Mariupol a leste, onde receberam água e apoio médico após semanas de sofrimento.
Crianças pequenas estavam entre os retirados das instalações fabris – onde as pessoas se esconderam no subsolo, amontoadas sob cobertores nos bunkers e túneis da usina enquanto os bombardeamentos destruíam a cidade.
Do lado de fora das barracas azuis, duas crianças estavam sentadas, pensativas, enquanto esperavam, um menino a brincar com um isqueiro e homens fortemente armados a olhar para eles. Uma mulher levava as mãos ao rosto emocionada. Uma jovem acariciava um gato.
Os civis que a Reuters testemunhou foram retirados num comboio que agrupava forças russas e veículos com símbolos das Nações Unidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse, depois de se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em Kiev na quinta-feira que estão em andamento discussões para permitir a retirada completa de Azovstal.
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