Uma máscara esculpida da África Central, datada do século 19 foi leiloada por 4,2 milhões de euros em França no sábado, apesar do leilão ter sido alvo de protestos por parte dos círculos culturais gaboneses, que exigem o seu “regresso” ao país de origem.
A peça de madeira, extremamente rara e de linhas limpas, pertencia a uma sociedade secreta do povo Fang do Gabão.
O preço do leilão “pulverizou” a estimativa inicial de 300.000 a 400.000 euros, disse o Hotel des Ventes em Montpellier, no sul de França, num comunicado.
Com impostos, os lances chegaram a 5,25 milhões de euros. A peça foi vendida por um valor próximo ao de outra máscara Fang, que inspirou pintores como Modigliani e Picasso no início do século 20, leiloda por um preço recorde de 5,9 milhões de euros em Paris em 2006.
“Isso é roubo”, exclamou do fundo da sala de leilões um homem que disse ser parte da comunidade gabonesa de Montpellier, informou um jornalista da AFP.
“Não se preocupe, vamos fazer uma denúncia. Para os nossos, para os meus antepassados, da comunidade Fang, vamos recuperar essa máscara”, um “activo colonial adquirido ilegalmente”, disse , acompanhado por dezenas dos seus compatriotas.
Acompanhados pelo serviço de segurança, os manifestantes saíram calmamente da sala, continuando a protestar contra o leilão de obras de arte africanas.
Entre os objectos à venda estava também um trono do Congo, vendido por 44 mil euros.
Disputada por dez licitantes, segundo a sala de leilões, a máscara Fang foi adquirida por um comprador via telefone.
A peça, com 55 cm de altura, chegou em 1917 em circunstâncias desconhecidas às mãos do governador colonial francês René-Victor Edward Maurice Fournier (1873-1931), provavelmente durante uma visita ao Gabão, segundo a casa de leilões.
O curador do leilão, Jean-Christophe Giuseppi, lembrou que existem apenas cerca de dez máscaras desse tipo no mundo.
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