A Arménia pediu no sábado à Rússia que tome medidas visíveis para estabilizar a situação em Nagorno-Karabakh, depois de acusar o Azerbaijão de ter “invadido” a área controlada pelo contingente russo de manutenção da paz e o Exército da autoproclamada república denunciar a morte de três soldados.
O Ministério dos Negócios Estrageiros da Arménia disse num comunicado que o contingente russo de manutenção da paz em Nagorno-Karabakh deve “tomar medidas concretas e visíveis para resolver a situação, evitar mais baixas e hostilidades”: “Acreditamos que deve ser realizada uma investigação adequada sobre as acções do contingente de manutenção da paz durante a incursão das tropas do Azerbaijão na sua área de responsabilidade e uma exigência clara para que as tropas do Azerbaijão se retirem para as suas posições”, acrescentou.
O ministério arménio também instou a comunidade internacional a tomar “medidas efectivas e específicas para evitar tentativas de desestabilizar a situação no Cáucaso Sul”.
Por sua parte, a Rússia afirmou que as Forças Armadas do Azerbaijão violaram o acordo trilateral do final de 2020 que pôs fim à guerra em Nagorno-Karabakh, ao entrar na área onde está mobilizado o contingente de paz russo e ao criar um posto de observação: “Entre 24 e 25 de Março, as Forças Armadas do Azerbaijão violaram as disposições do acordo trilateral de 9 de Novembro entre os líderes de Rússia, Azerbaijão e Arménia, entrando na zona de responsabilidade do contingente de paz russo em Nagorno-Karabakh e criando um posto de observação”, afirmou o Ministério da Defesa russo.
Além disso, segundo acrescentou o departamento chefiado por Sergei Shoigu, as tropas azeris realizaram “quatro ataques com drones Bayraktar TB2 contra unidades armadas de Nagorno-Karabakh perto de Farukh”, ou Paruj, na região de Askeran.
Após a acusação por parte da Arménia, o presidente da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, Arayik Harutyunyan, decretou lei marcial na região, impondo restrições de movimento e liberdades.
Em resposta, o Azerbaijão negou a incursão na parte controlada pelas forças de paz russas implantadas na área após a guerra no Outono de 2020 e afirmou que está “a definir os pontos de colocação” das tropas.
Segundo a versão arménia, a “invasão” das forças armadas do Azerbaijão começou a 24 de Março justamente na cidade de Paruj, na região de Askeran.
O Ministério da Defesa da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh garantiu no Twitter que três soldados do seu Exército foram mortos e outros 14 ficaram feridos. Já neste sábado acrescentou que as tropas do Azerbaijão “voltaram a recorrer a acções agressivas com o uso de armas de fogo de diferentes calibres e tentando avançar na direção oeste da área sob responsabilidade das forças de paz russas”.
Por sua vez, o Ministério da Defesa do Azerbaijão informou que “membros do destacamento armado ilegal arménio”, referindo-se ao Exército de Nagorno-Karabakh, “aproveitando as condições meteorológicas nebulosas e a visibilidade limitada, tentaram cometer provocações contra unidades do Exército do Azerbaijão”.
Baku afirmou ainda que não há baixas no exército do Azerbaijão e que “a situação operacional está sob controlo”.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, lembrou que o presidente russo, Vladimir Putin, conversou na quinta e na sexta-feira com o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, para discutir a situação em Karabakh.
Além disso, Shoigu também conversou com os seus homólogos da Arménia, Suren Papikyan, e do Azerbaijão, Zakir Hasanov.
Como consequência da guerra de Outono de 2020, a Arménia perdeu o controlo de mais de dois terços dos territórios dentro e à volta de Karabakh, que controlava desde a década de 90.
De acordo com a cláusula 1 do documento sobre o cessar-fogo assinado entre a Arménia e o Azerbaijão com a mediação da Rússia, as forças das partes devem permanecer nas posições que ocupavam no momento da assinatura do documento.
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